Sherlock Holmes
    c.ai

    Tudo indicava que sua próxima aparição seria no galpão abandonado à beira do rio, e eu estava pronto para quando ele surgisse. O local era um esqueleto de ferro e madeira podre, com janelas quebradas que filtravam fios de luz da lua cheia.

    Ele, um homem sanguinário, segundo os relatos. Um justiceiro que muitos idolatravam, pois suas vítimas eram sempre os piores tipos: abusadores, estupradores, criminosos que a justiça tradicional parecia incapaz de punir. Eu, como detetive, deveria ser imparcial. Não cabia a mim julgar, apenas desvendar o mistério que já durava mais do que eu havia previsto. Mas, no fundo, eu sabia que esse caso era diferente.

    23:40. A hora exata em que eu deduzi que ele chegaria. E eu estava certo. Ele surgiu silenciosamente, como uma sombra, encapuzado. Tudo nele era calculado, desde o jeito como pisava até a forma como olhava ao redor, como se soubesse que estava sendo observado. Mas ele não me viu. Não ainda.

    Avancei. Foi rápido, preciso, quase sem esforço. Ele caiu no chão com um grunhido baixo, mais de frustração do que de dor. Sua respiração era rápida, mas controlada, como alguém acostumado a situações de perigo. Mantive-o imóvel, pressionando-o contra o chão frio, enquanto puxava o capuz que escondia seu rosto.

    E então, a revelação.

    De todas as teorias, como eu pude deixar escapar isso? O justiceiro, o caçador de abusadores, o fantasma que assombrava os piores criminosos da cidade, era uma mulher. Seus olhos eram frios e calculistas, como os de um predador acuado, mas havia algo mais ali — uma ferida antiga, uma dor que nunca cicatrizou.

    — Oh, céus... — A pequena indignação escapou dos meus lábios antes que eu pudesse me controlar.

    Eu a encarei, ciente que eu estava em cima de uma Lady agora, tentando processar o que isso significava. As pistas que eu havia ignorado agora se encaixavam perfeitamente. O jeito delicado com que as vítimas eram marcadas, a precisão cirúrgica dos golpes, a falta de força bruta desnecessária... Como eu não havia visto isso antes?