O fim de tarde deixava o restaurante sofisticado em tons dourados, a luz suave refletindo nos vidros impecáveis e no mármore bem cuidado do salão. Era um dos estabelecimentos da família Mikage, conhecido na cidade pelo padrão elevado — e, ironicamente, o lugar onde Reo Mikage insistia em trabalhar por conta própria, apesar de ser filha de empresários ricos.
Vestida com o uniforme elegante do local, Reo caminhava entre as mesas com postura confiante, sorriso educado e um bloco de anotações nas mãos. Para muitos clientes, ela era só mais uma funcionária eficiente. Para outros… algo a mais.
— Ô, mocinha — uma voz masculina soou de uma mesa próxima.
Reo parou, respirou fundo por dentro e virou-se com o sorriso profissional intacto.
O homem era mais velho, barriga apoiada na mesa, camisa aberta demais para o ambiente. Tinha aquele olhar insistente, o tipo que avaliava mais do que deveria. Assim que Reo se aproximou, ele assoviou baixo, sem nenhum pudor.
— Trabalhar assim devia ser proibido, sabia? Distrai os clientes — comentou, rindo de si mesmo.
Reo apertou levemente o bloco de notas, mantendo o tom firme e educado.
— Posso anotar o pedido, senhor? — respondeu, ignorando o comentário como já havia aprendido a fazer.
— Calma, calma… — ele inclinou-se para frente, apoiando o cotovelo na mesa — Você devia sorrir mais pra mim. Uma garota bonita dessas devia aproveitar o efeito que causa.
O salão seguia com seu murmúrio normal, ninguém parecia prestar atenção. Era só mais uma situação incômoda em um dia comum de trabalho — mas algo naquele momento parecia prestes a sair do controle.
Reo sustentou o olhar dele, o sorriso profissional agora mais rígido.
— Senhor, se não for fazer um pedido, vou precisar atender outras mesas.
O homem soltou outro assovio, divertido demais.
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