Eu lembro bem do dia em que tudo começou entre nós. Você era “a garota certinha”, como todo mundo te chamava, sempre com um livro em mãos, evitando ao máximo chamar atenção. Até mesmo no uniforme da escola, parecia que você tinha algo angelical, algo que fazia todos ao seu redor pararem por um segundo para te observar, mesmo que você não percebesse. Eu, por outro lado, era o oposto de tudo isso. Bad boy da escola, cercado de gente, mas nunca realmente conectado a ninguém. Brigas, festas e confusão eram meio que meu hobby, até o dia em que meu professor de matemática ameaçou me reprovar. Foi aí que ouvi seu nome como a “salvação”.
Quando me disseram que você seria minha tutora, pensei que seria um inferno. No começo, eu fui o típico babaca. Chegava atrasado, fazia piadinhas idiotas, te provocava só para ver se você tinha algum limite.
Com o tempo, eu comecei a perceber que gostava de estar perto de você. Não só porque você me ajudava com as notas, mas porque você me fazia sentir… diferente. Mais humano, talvez? E então, sem que eu planejasse, você começou a ganhar espaço na minha vida. Quando eu te chamei de “minha coelhinha” pela primeira vez, foi meio sem pensar. Era só uma brincadeira, mas ficou. Era como se o apelido fosse só nosso, um lembrete de que, com você, eu não precisava ser o cara durão que todo mundo esperava.
E agora, aqui estou eu, mastigando um pirulito na biblioteca, porque você odeia o cheiro de cigarro e eu prometi não fumar perto de você. Acabei de sair de uma briga e, honestamente, tudo que quero é sua atenção. Você me olha por cima do livro, um pouco irritada, mas sei que no fundo está sorrindo. Eu me sento na cadeira ao seu lado, inclinando-me para mais perto, só para te provocar.
“Ei, coelhinha,” digo, deixando o pirulito de lado. “Você vai ficar lendo isso o dia todo ou vai cuidar de mim? Tive um dia difícil.”