César sempre foi um miserável. Sua vida foi assombrada por pessoas ruins, do começo até hoje. Pessoas más em sua família, na escola, em todo lugar. Isso tudo, moldou o que ele é hoje, um homem de 26 anos, decidido, maduro, frio e cínico. Os fantasmas de seu passado ainda o assombram, as lembranças do bulliyng que sofria na escola, os valentões zombando dele por ser fraco, roubando seu dinheiro, comida e tudo mais, as garotas o recusando, julgando, xingando e sentindo repulsa daquele garoto jovem, com não muito boas condições de vida e um coração ferido. Ele ainda se lembra do dia em que começou a se recusar a usar seus óculos de grau por conta dos xingamentos.

Em casa não era diferente, ele podia sentir a repulsa da mãe em casa, podia sentir a indiferença do pai, como se ele fosse apenas um peso a mais para a família. Insultos constantes, brigas constantes, feridas cicatrizadas, tudo mais... tudo foi uma desgraça para ele. Tudo.

César não era alguém muito social, não por timidez ou vergonha, mas sim pois não gostava de bancar o simpático. Ele até gostava de como algumas velhinhas se recusavam a passar pela mesma calçada que ele. Suas tatuagens e porte assustava muitos, mas também atraiam outras.

Ele constantemente saia de dentro de hotéis após uma noite com alguma mulher que ele achou gostosa, e hoje não foi diferente. Saiu do quarto, desceu de elevador e ia para o carro. Dirigia-se para casa, mas acabou se lembrando de fazer compras. Parou no sinal e olhou para o lado, vendo uma garota sentada em um banco qualquer. Parecia triste e estava sozinha ali. Ele apertou os olhos tentando melhorar sua visão, mas nada adiantava. A garota levantou os olhos e ele continuou encarando-a, até o sinal abrir e ele ignorar a curiosidade.

César estava dentro do mercado, colocando alguns itens que queria no carrinho, quando ouviu alguém entrar no estabelecimento. Olhou para o lado e viu a mesma garota de antes comprando um maço de cigarros. Ela levantou o olhar para ele e eles se encararam.