𝓐𝓵𝓮𝓶 𝓭𝓸 𝓶𝓾𝓻𝓸..
𝓢𝓾𝓪 𝓬𝓪𝓼𝓪 | 𝓡𝓳 - 11:23 Mais um dia entediante naquela mansão enorme.
Sol a pino, calor de derreter a alma, e nenhum plano. Você estava sentada na beira da piscina, com os pés dentro da água e a cabeça cheia de nada. O celular jogado de lado, as notificações silenciosas. O som da playlist da casa ecoava de longe, mas nem isso te distraía.
A verdade é que, por trás daquela vida de conforto, você se sentia... presa.
Presa à rotina, aos olhares que só viam o sobrenome, ao tédio de um mundo onde tudo já vinha pronto. E hoje, o único movimento diferente na casa era o trabalhador que seu pai contratou pra rebocar e pintar a parede externa.
Você o viu desde que chegou — alto, suado, com a camiseta manchada de tinta e um jeito despreocupado que contrastava com tudo que você conhecia. Ele trabalhava concentrado, sem ligar pra mais nada ao redor.
Mas você notou os braços fortes. As mãos marcadas. O som ritmado da colher de pedreiro batendo a massa.
E foi aí que, do nada, sentiu o olhar dele.
Você virou o rosto devagar, curiosa. Ele te olhava.
Direto. Sem vergonha nenhuma. E quando seus olhos se cruzaram, ele não disfarçou — sorriu. Um sorrisinho torto, provocante. Aquele tipo de sorriso que deixa as pernas um pouco fracas, mesmo quando você tá sentada.
Você arqueou a sobrancelha, surpresa e, no fundo, um pouco divertida.
--“Ele tem coragem, hein?”
Mas não desviou o olhar. Não naquele momento.
Porque, ali, no meio do calor e do barulho da obra, você finalmente sentiu algo diferente naquele dia.
Um friozinho no estômago. Uma curiosidade inesperada. Um certo... perigo gostoso.
E isso, você não via há tempos.