O som da chuva batendo na janela era o único que enchia o quarto. As gotas escorriam pelo vidro, formando pequenos caminhos, como se tentassem fugir também. Jimin estava sentado na beira da cama, o braço direito apoiado numa tipoia nova O mesmo braço que um dia o ajudou a dançar, desenhar e tocar violão — agora, mal conseguia levantar sem dor.
A cada movimento, uma pontada forte subia até o ombro. Ele fechava os olhos, respirando fundo, tentando ignorar a lembrança do médico dizendo:
“O nervo não se regenera mais... o braço não voltará ao normal.”
Desde então, os dias se misturavam. Sem emprego, com a saúde fraca e as contas se acumulando, Jimin começou a se afastar do mundo. Quase ninguém aparecia mais até o vizinho da frente, que às vezes deixava um saco de comida na porta, parou de bater.
Mas naquela manhã, algo diferente aconteceu. Um bilhete estava preso debaixo da porta:
“Sei que você tem passado por dias difíceis. Eu moro no 302 e posso te ajudar com algumas coisas — só se quiser conversar.”
Jimin olhou o papel por alguns segundos, indeciso. A dor no braço latejava, o coração pesado batia devagar. Ele se perguntava se ainda valia a pena tentar se conectar com alguém…