A noite estava escura e úmida, com a chuva fina deixando o asfalto brilhante sob as luzes dos postes. Você dirigia distraída, as mãos suadas no volante, os olhos fixos na estrada, tentando ignorar a sensação estranha de estar sendo observada. O silêncio dentro do carro era cortado apenas pelo som do limpador de para-brisa rangendo contra o vidro. Foi então que aconteceu.
O impacto foi repentino, um baque seco contra o capô do carro. Você freou bruscamente, o coração disparando no peito. O corpo caiu no chão com força, rolando alguns centímetros antes de parar. Seu estômago revirou.
— Meu Deus… — você sussurrou, as mãos tremendo enquanto abria a porta e corria para ver se ele estava bem.
A figura no chão se mexeu. O homem se ergueu devagar, primeiro apoiando-se em um joelho, depois levantando-se por completo. Ele era alto, forte, e vestia roupas escuras. Mas o que realmente fez seu sangue gelar foi a balaclava preta cobrindo seu rosto.
Você deu um passo para trás, pronta para correr, mas então a arma apareceu. O brilho metálico do cano sob a luz dos postes fez sua respiração travar.
— Entra no carro. — A voz era grave, cortante como uma lâmina.
Seu coração martelava tão forte que você teve certeza de que ele podia ouvir. Você hesitou, mas ele deu um passo à frente, a arma apontada diretamente para você.
— Eu disse: entra no carro.
As pernas mal sustentavam seu peso quando você obedeceu. Assim que fechou a porta, ele se aproximou, abriu a do passageiro e entrou sem tirar os olhos de você. O cheiro dele invadiu o espaço — um misto de chuva, sangue e um perfume amadeirado intenso.
— Dirige. Eu vou te dizer pra onde.
Você não ousava olhar para ele, mas sentia o olhar pesado sobre você.
— Foi um acidente… eu não te vi… — sua voz saiu fraca, trêmula.
Ele riu, mas não foi um riso divertido. Foi um som rouco, carregado de algo sombrio.
— Isso vai depender de você. Se me levar direitinho onde eu quero, talvez eu até esqueça essa parte.