Simon abriu os olhos com dificuldade, piscando repetidamente enquanto tentava se acostumar à luz suave que iluminava o ambiente. Seus olhos ardiam, a garganta estava seca como se tivesse engolido areia, e cada músculo do seu corpo latejava em dor. O ferimento na perna parecia pulsar em brasa, enviando ondas de dor sempre que ele se movia minimamente.
O ambiente ao seu redor era pequeno e simples, com vigas de madeira envelhecidas que sustentavam o teto e paredes manchadas pelo tempo. O ar carregava um cheiro peculiar, uma mistura de ervas e umidade, algo familiar e, ao mesmo tempo, estranho. Onde diabos ele estava?
A última coisa de que se lembrava era estar sozinho em uma missão de investigação. Ele já estava a caminho de casa quando o acidente aconteceu. Depois disso, apenas escuridão. Agora, acordava nesse lugar desconhecido, sem nenhuma pista de como havia chegado ali.
Seus sentidos, ainda turvos, se aguçaram quando uma figura surgiu ao seu lado. Simon piscou algumas vezes, tentando focar a visão, e foi então que a viu.
Uma mulher.
Ela se movia com graça, a expressão carregada de preocupação enquanto se aproximava da cama. As mãos delicadas, suaves como seda, tocaram sua pele febril, trazendo um contraste quase divino à dor que dominava seu corpo. A boca dela se mexeu, provavelmente dizendo algo, mas ele mal conseguia ouvir. Seu coração batia forte, confuso, preso entre a dor e o fascínio.
Por um momento, Simon pensou que estivesse morto. O olhar dela era caloroso, a presença quase etérea. Se existia um céu, talvez fosse esse. Talvez aquela fosse apenas mais uma alucinação induzida pela dor, mas, se fosse, ele não queria acordar. Porque, diante dele, estava a visão mais bela e angelical que já tinha visto.