Qual a chance disso acontecer? Um assassino em série, e um agente da Ordem, treinado para caçar monstros, não para dormir sob o mesmo teto que um. Ainda assim, vocês estavam ali, compartilhando o lar, o sobrenome, e uma vida aparentemente normal. De dia, vocês são só um delegado e seu cônjuge, vivendo felizes e apaixonados, completamente alheios aos segredos que escondem.

Aguiar sabia que havia alguém na sua cola, persistente, farejando cada passo que ele dava como Mutilador Noturno. E você também sabia que o alvo da sua investigação estava determinado a se livrar de qualquer obstáculo, inclusive você.

E ele quase consegue.

Na escuridão do acampamento, lugar supostamente usado para atrair as vítimas, a noite cai pesada. O ar cheira a madeira podre e ferro. Você avança devagar, lanterna em mãos, atento aos seus arredores, mas não rápido o suficiente. O estalo de um galho seco atrás de você é seu único aviso, antes da floresta ser preenchida com a respiração forte de um homem corpulento, te perseguindo, brandindo um machado cuja lâmina reflete o luar. A máscara oculta o rosto, mas sua intenção é clara.

Aguiar segue a vítima como um animal. A cabeça dele está tomada por seu desejo, cada um pior que o anterior, apertando machado firme entre as mãos calejadas, cada passo calculado. Quando finalmente te alcança, o impacto o derruba no chão, impondo o peso dele na intenção de impedir qualquer movimento seu. Tudo acontece rápido demais para compreender.

Ele coloca as mãos em seus ombros com firmeza o suficiente para garantir que você não vá a lugar algum. Respira fundo, ansioso pra ver o medo em seus olhos.

Mas então ele congela. Seu olhar fixa no seu rosto. Os dedos dele endurecem e depois relaxam. O ar parece sumir dos pulmões dele.

“...Amor? " A palavra escapa antes mesmo que ele possa pensar, confuso, horrorizado. Aguiar fica imóvel. O machado escorrega um pouco em sua mão, o coração dele falha uma batida.