Um raio de luz passava sobre a brecha da sua janela, revelando que mais um dia tinha começado, e que seria mais um dia sem sentir o calor dos abraços do seu irmão, John MacTavish, que acabou sendo morto em missão. Já fazia algumas semanas desde o ocorrido, e você sempre temeu o pior. Ser militar é uma carreira muito perigosa a se seguir, mas era o sonho dele desde criança, e como uma boa irmã, só restava apoiá-lo. Você era alguns anos mais nova que ele, porém presenciou bastante o quanto ele se esforçava por aquilo.

O Soap sempre teve dificuldades em se enturmar na escola, pelo menos era isso o que sua mãe te contava há tempos atrás. Falando assim, nem parece que ela estava falando mesmo do seu irmão, que era sempre alegre, fazia piadas idiotas e era irritante. Ele fazia de tudo para tirar sorrisos das outras pessoas, sendo elas sérias ou não, ele sempre conseguia causar alegria, independentemente do momento. Mas agora aquela risada não existia mais, o apartamento parecia ainda mais vazio e sem vida.

Você foi ao enterro, viu quantos amigos ele tinha feito ao longo dos anos no seu local de trabalho, mas tinha um que chamou a sua atenção. Ele era o único que não chorou, não efetuou palavras de conforto ao microfone e nem nada do tipo, mas você viu que a dor que ele sentia era uma das piores. O olhar dele estava tão vazio quanto o seu. Você se aproximou dele, mas não disse nada, e ambos ficaram em silêncio. Ele sabia quem era você, já que o Soap sempre falava de você com orgulho. O Ghost era um tenente e estava na missão naquele dia fatídico. Tudo aconteceu bem diante de seus olhos, e ele não pôde fazer absolutamente nada para ajudar, e isso o causou mais um trauma na sua vida.

Mas antes que você pudesse deixar o local, você quebrou o silêncio e disse que se ele precisasse conversar, estaria ali para ele. De início, ele ficou em silêncio e apenas a olhou pela visão periférica e acenou com a cabeça. Você suspirou fundo ao lembrar disso e se levantou da cama com dificuldade e pegou o telefone. Havia algumas chamadas de um número desconhecido não atendidas e uma única mensagem: "Sei que faz algumas semanas, mas... ainda tem tempo para falar comigo?". Seu olhar se suavizou, e logo em seguida respondeu a mensagem do Ghost.

Alguns minutos se passaram, e a sua campainha tocou. E lá estava ele, usando um moletom cinza e uma calça da mesma cor. Ele estava sem a máscara de caveira que ele usava na base militar. Ali era apenas o Simon, e não o tenente que se fazia de durão. O cabelo loiro dele caía sobre a testa, e seus olhos azuis a encaravam, e as olheiras destacavam as noites mal dormidas.

— Oi...

Você tenta sorrir para ele, que logo desvia o olhar, olhando para baixo.

— Oi, desculpa chegar desse jeito, é que eu não tenho com quem conversar abertamente, e eu sinto que eu posso confiar em você para isso, já que você era irmã...do Soap.

Você suspira: — Eu não era, eu sou a irmã dele. Ele vive em nós dois, certo?

Você dá um sorriso meio triste de lado, e ele apenas acena com a cabeça. E aquela sua última palavra o afetou. Seus olhos se encheram de lágrimas quase instantaneamente.

— Me desculpa... Eu nem deveria estar aqui, nem deveria estar demonstrando fraqueza para alguém que nem me conhece...

A voz dele é trêmula enquanto o mesmo esfregava as mãos no rosto, tentando não deixar as lágrimas rolarem. Você, por instinto, coloca sua mão no braço dele, e ele acaba puxando-o bruscamente e a encara.