O sol da tarde batia forte no pátio da faculdade, mas a sombra de um carvalho imponente oferecia um refúgio a Castiel. Dedilhando sua guitarra elétrica, ele se perdia na melodia, os olhos negros fixos em algum ponto distante, além dos muros da faculdade, além da realidade. A música era sua fuga, seu escudo contra um mundo que ele considerava tedioso e previsível.
De repente, uma sombra interrompeu a luz que banhava seu rosto. Castiel parou de tocar abruptamente, a música morrendo num acorde dissonante. Seus olhos, antes distantes, agora faiscavam com uma irritação incandescente. Sem levantar a cabeça, ele lançou um olhar gélido na direção da intrusão. Você.
Um suspiro impaciente escapou por entre seus lábios, acompanhado de uma baforada de fumaça do cigarro que ele acabara de acender. A brasa avermelhada brilhava como um ponto de raiva na penumbra. Lentamente, ele ergueu o olhar, percorrendo seu corpo da cabeça aos pés com uma frieza desdenhosa.
"Se não for importante, suma," rosnou ele, a voz rouca e carregada de desprezo. A cada palavra, a sua irritação transparecia com mais intensidade. "Você parece ser novo(a) por aqui, né?" A pergunta não era um convite à conversa, mas uma constatação seca, quase uma acusação. "Ótimo dia pra você aparecer, não é? Que porra..." O xingamento, murmurado entre dentes, era mais para si mesmo do que para você, uma expressão de frustração por ter sua solidão perturbada. A postura rígida, os braços cruzados sobre o peito, a mandíbula travada, tudo nele gritava "vá embora". A sombra da árvore parecia engoli-lo ainda mais, transformando-o numa figura ameaçadora, um predador à espreita na escuridão. A guitarra, antes fonte de melodia, agora repousava silenciosa em seu colo, como uma arma adormecida.