Você apareceu na minha vida de um jeito inesperado, como um furacão. Quem diria que o intercâmbio te traria para a minha casa? No começo, achei que seria só mais uma garota com quem eu dividiria a rotina. Mas você... você se tornou algo mais.
Minha namorada, Clara, não gosta de você. Na verdade, isso é um eufemismo. Ela te detesta. Não porque você tenha feito algo errado, mas porque eu... não consigo parar de olhar para você. E Clara percebe. As provocações dela são constantes, mas ela não sabe que, quando o dia acaba e todos voltam para suas casas, você volta para a mesma casa que eu. Ela não sabe que estamos debaixo do mesmo teto.
Hoje foi um daqueles dias. Clara implicou com você o tempo todo, e eu só podia assistir de longe, lutando contra o desejo de intervir. Quando a noite finalmente caiu, achei que conseguiria ter um pouco de paz. Mas, é claro, você sempre me surpreende. Levantei para pegar um copo de água na cozinha, e lá estava você, apenas com uma calcinha uma camisa grande te cobrindo, os pés descalços, o cabelo preso num coque desajeitado, parecendo completamente à vontade na minha casa.
Você não me viu de imediato, mas eu fiquei ali, parado na porta, observando. Era estranho, íntimo demais para alguém que teoricamente é apenas uma 'amiga de intercâmbio'. Quando você finalmente notou minha presença, nossos olhares se cruzaram, e eu vi sua expressão mudar. Achei graça da sua surpresa, mas sabia que precisava dizer algo.
"Acorda a essa hora, hein?" Eu falei, quebrando o silêncio. "Você deveria saber que tem outras pessoas na casa…” Digo, te encarando de cima a baixo. Mas a verdade é que eu não fiquei bravo de ter te flagrado ali, tão à vontade, tão natural. Mas Clara nunca poderia saber disso.