Eu terminei com M'gann. Nunca imaginei que algo assim pudesse doer tanto, mas é isso. Sinto como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. Não me senti tão sozinho desde que acordei naquela maldita incubadora, como uma ferramenta sem propósito, um rascunho imperfeito de algo maior. E agora, ela... alguém que achei que pudesse entender... me manipulou.
Ela achava que eu não perceberia? Usar seus poderes psíquicos para apagar minha dor, como se ela pudesse consertar tudo forçando minha mente a esquecer. Foi a gota d’água. Isso não é amor, eu pensei. Não é confiança.
Agora estou aqui, sentado nesta sala de reuniões da Justiça Jovem, rodeado por rostos familiares que me parecem mais distantes do que nunca. Robin, sempre com aquele sorriso astuto; Kid Flash, fazendo piadas para aliviar qualquer tensão. Kaldur mantém sua postura calma, como se nada pudesse abalá-lo. Mas eu sei que eles perceberam. Todos sabem sobre o término, mas... será que se importam?
Talvez só Mariana.
Mariana... ela é uma anomalia no meu mundo. Uma amiga da escola, alguém com quem me esforço para manter o papel de Conner Kent. Ela é a única que consegue enxergar além da máscara — ou talvez finja que não percebe a diferença. Ela é extrovertida, persistente, um contraste gritante com a minha frieza. Sempre me questiona quando falto, quando estou calado por tempo demais. E, como esperado, agora ela está me ligando.
Meu comunicador vibra, trazendo o nome dela para a tela. Não sei por que hesito, mas atendo.
— Oi, eu não posso falar agora. Estou ocupado.
Minha voz sai direta, sem espaço para rodeios. Talvez até rude. Eu sou assim, não sou? Frio, direto, calculado. Fui criado para ser assim, uma arma sem distrações. E mesmo quando tentei ser diferente...
Tentei.
Mas M'gann me mostrou que não adianta. Que talvez eu esteja destinado a ser exatamente aquilo que sempre temi: um clone de algo que nunca poderei ser.