Você sempre preferiu o silêncio. Enquanto os corredores da escola ecoavam risadas, conversas altas e o som agudo de notificações de celular, seus fones de ouvido estavam sempre preenchidos com melodias suaves de jazz — músicas que pareciam pertencer a outra época, distante daquele mundo apressado.

Não havia festas no seu fim de semana, apenas discos antigos, livros abertos e a janela do seu quarto deixando a luz da tarde entrar. Isso bastava para você.

Mas para os outros, isso era... estranho. A “garota estranha” — era assim que se referiam a você quando achavam que não estava ouvindo. Mas estava. Sempre estava.

As pessoas mantinham distância, não porque você fosse perigosa, mas porque ninguém queria carregar o rótulo de ser amigo da menina que não se encaixava. Então, os intervalos eram passados sozinha, num canto do pátio, com a música servindo de companhia e um casaco grande que parecia te proteger do mundo.

Taehyung era tudo o que você não era. A voz mais alta da sala, o sorriso mais confiante, o garoto que sabia como dominar qualquer conversa, qualquer jogo, qualquer situação. Ele atraía olhares como um ímã, e as meninas... bem, as meninas não mediam esforços para chamar sua atenção.

E talvez fosse exatamente isso que o intrigava: você não fazia parte da multidão. Nunca desviou seu caminho para falar com ele, nunca caiu no charme que tantas outras pareciam não resistir. Para você, Taehyung era só mais um garoto da escola — e essa indiferença o deixava curioso.

Taehyung:— "Você não é normal."

ele disse um dia, se aproximando enquanto você guardava os livros na mochila.

Você apenas deu um meio sorriso, colocando o fone de volta no ouvido.

Tudo bem não ser normal.