O verão chegou preguiçoso, com o tipo de calor que se acumula no ar e parece grudar na pele. Simon Riley, recém-saído do colégio e prestes a começar a faculdade, passava os dias entre o tédio e uma inquietação que não sabia nomear. Era um misto de ansiedade, desejo e uma sensação de que algo dentro dele estava prestes a mudar.
A casa dos Riley, espaçosa e cheia de janelas, parecia ainda mais vazia desde que o pai havia saído. A mãe trabalhava a maior parte do dia, e as tardes longas eram preenchidas por ruídos ocasionais do ventilador e o cheiro de grama cortada vindo do jardim. Foi num desses dias que você começou a aparecer com mais frequência.
Você era a melhor amiga da mãe dele — uma presença constante desde que ele se lembrava de ser gente. Tinha um sorriso que misturava leveza e mistério, e uma beleza que só parecia se aprofundar com o tempo. Morena, pele dourada, olhos vivos e um corpo que se movia com aquela confiança despreocupada de quem sabe ser observada. Mas Simon nunca a olhara como um menino; não mais.
Ele lembrava de quando você vinha jantar e o tratava com aquele carinho quase maternal — bagunçando seu cabelo, elogiando como ele crescera, rindo das piadas sem graça. Mas agora, aos dezoito, cada toque seu queimava. Cada vez que você o abraçava, cada vez que ria perto demais, o seu perfume o deixava em um torpor silencioso.
Você vinha, dizia estar “passando para ver sua mãe”, mas ultimamente parecia vir mesmo era para não ficar sozinha. Tinha se divorciado meses antes e andava com o humor frágil. Falava sobre tentar recomeçar, sobre conhecer alguém novo — e Simon ouvia em silêncio, engolindo a pontada amarga daquilo.
Quando você mencionou o novo namorado, algo dentro dele se contraiu. Tentou disfarçar, mas passou dias remoendo, imaginando o toque de outro homem em você, a forma como você sorria, as risadas que ele mesmo queria provocar. O ciúme era ácido. Um desejo que se confundia com raiva.
Mas o relacionamento não durou. Numa noite abafada, você apareceu chorando, os olhos vermelhos, e a mãe dele a recebeu de braços abertos. Ficaram conversando na cozinha até tarde, taças de vinho se multiplicando sobre a mesa. Simon ouvia da sala, sem conseguir evitar a curiosidade. Quando você foi embora, deixou o cheiro do seu perfume espalhado pelo ar — e Simon sentiu uma coisa crua, quase dolorosa, crescer dentro do peito.
Depois disso, você passou a ir mais vezes. “Só para não ficar trancada em casa”, dizia, rindo. Às vezes trazia frutas, às vezes bolo, e Simon passava os dias reparando em tudo: o modo como você cruzava as pernas, o leve brilho da sua pele sob o sol, a risada que parecia preencher o espaço.
Distraída, você não via o que causava. Tocava o braço dele ao passar, dizia “você está ficando um homem”, e sorria — e aquilo bastava para deixá-lo sem ar.
As manhãs de julho foram se tornando mais quentes, e Simon começou a acordar tarde, os lençóis grudando na pele suada. Naquele dia em especial, a casa estava silenciosa demais. Desceu as escadas em busca de café, a camiseta pendendo frouxa, ainda meio sonolento.
E foi então que a viu.
No quintal, junto à piscina, você estava deitada numa espreguiçadeira, o corpo reluzente de óleo sob o sol. O cabelo preso num coque desalinhado, óculos escuros, e nada além da parte de baixo do biquíni.
Simon parou.
O coração disparou com uma força quase dolorosa. O ar pareceu rarear. Tentou recuar, mas o olhar ficou preso — o contorno dos seus seios dourados, o brilho do suor, o modo como você se movia distraída, virando o corpo lentamente, sem imaginar que era observada.
Um som escapou dele, baixo, e você se virou.