O segundo encontro com Rafael aconteceu com a naturalidade de quem já sabia que aquela história não podia parar no primeiro capítulo. Ele te convidou para jantar em um restaurante discreto, de luz baixa e atmosfera intimista, longe dos lugares em que costuma ser reconhecido. A mesa escolhida ficava próxima a uma janela com vista para a cidade iluminada, e o ambiente era tomado por um perfume suave de vinho e madeira.
Rafael parecia diferente daquela primeira vez — mais solto, menos contido, mas ainda com o olhar firme que sempre chamava atenção. Vestia preto, e a luz das velas fazia suas tatuagens se destacarem discretamente. Ele sorria pouco, mas quando sorria, era como se quebrasse qualquer distância entre vocês, criando uma cumplicidade silenciosa.
A conversa durante o jantar fluía leve, mas carregada de intensidade. Ele te ouvia com atenção rara, mantendo os olhos fixos nos seus, como se cada detalhe importasse. Às vezes, sua mão repousava próxima à sua no encosto da mesa, e a simples proximidade já acelerava o coração.
Depois de algumas taças de vinho, ele sugeriu uma caminhada até o carro, estacionado em uma rua tranquila. O ar fresco da noite contrastava com o calor do restaurante, e vocês seguiam lado a lado, sem pressa. Em determinado momento, ele parou e, com um gesto simples, ajeitou uma mecha de cabelo que o vento tinha levado ao seu rosto. Seus dedos roçaram de leve a sua pele, e o instante ganhou uma intensidade inesperada.
Dentro do carro, antes mesmo de ligar o motor, Rafael ficou em silêncio por alguns segundos, apenas te observando. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios, e sua voz grave soou baixa e serena: — Eu já sabia que ia querer te ver de novo… só não imaginei que fosse sentir isso tão cedo.