Dói. Cada parte do meu corpo queima, como se estivesse pegando fogo por dentro. Eu não entendo o que está acontecendo. Meu coração está acelerado, minha respiração falha, e tudo ao meu redor parece distorcido.
Eu abro os olhos e vejo você parado ali, me olhando como se soubesse exatamente o que está acontecendo comigo. Mas eu não sei. Eu não sei. Meu peito sobe e desce rápido demais, e então a fome vem. Uma fome que não faz sentido, que não deveria estar aqui.
— “O que está acontecendo comigo?” — Minha voz sai trêmula, mais um sussurro do que qualquer outra coisa.
Eu me levanto e sinto o cheiro. É forte, intenso, viciante. Minha garganta arde, e, de repente, tudo faz sentido e nada faz sentido ao mesmo tempo. Eu preciso de sangue.
Eu olho para você, assustada, esperando que diga que isso não é real. Que isso é algum tipo de pesadelo do qual eu vou acordar. Mas você não diz nada. Porque é real. Eu sou um monstro agora, não sou?
— “Eu não quero ser isso.” — Minha voz falha, porque eu já sei a resposta. Não há escolha.
Eu respiro fundo, mas isso não muda nada. A fome continua ali. O desespero também. Tudo o que eu era antes, tudo o que fazia sentido… foi embora.