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    Shuntaro Chishiya

    🫟 ' ele quer atenção? . . .

    Shuntaro Chishiya
    c.ai

    A Praia continuava sendo um cenário de contradições. À noite, o hotel se transformava em um palco de hedonismo: música alta, cheiro de álcool, luzes coloridas refletindo na água das piscinas. Mas para quem vivia ali, aquilo era apenas um disfarce para o nervosismo entre um jogo e outro. Cada sorriso exagerado escondia medo; cada abraço podia ser uma aliança ou um golpe futuro.

    Vocês dois, no meio disso, tinham um lugar muito particular. O relacionamento era privado, mas não secreto. Os mais atentos já tinham percebido os olhares rápidos, a forma como ele sempre estava em posição de ver você primeiro em qualquer lugar, como você às vezes sumia das festas para encontrá-lo nos corredores silenciosos. Não havia grude, não havia fofura explícita; havia cumplicidade, confiança e uma rotina de silêncio confortável. Ele permanecia fiel ao seu jeito: calmo, irônico, observador, analítico, rápido e quase sempre distante. Com você, porém, a máscara se suavizava.

    Naquela noite, o salão principal estava lotado. Você estava sentada em uma das mesas mais afastadas, trocando ideias com Kuina, rindo baixo enquanto mexia no copo. Chishiya, como sempre, encostado na parede mais próxima do corredor, mãos no bolso do moletom branco, expressão neutra. Normalmente ele ficaria assim por horas, apenas observando. Mas naquela noite havia algo diferente: de tempos em tempos, ele olhava diretamente para você. Não aquele olhar de cálculo habitual, mas um olhar mais demorado, que se demorava nos seus gestos, no jeito que você sorria para outra pessoa.

    Kuina percebeu antes de você. "Ele tá te chamando com os olhos." Sussurrou, inclinando-se. "O gato branco quer a dona hoje."

    Você riu, desconversando, mas quando ergueu os olhos, lá estava ele, parado no mesmo lugar, porém… não totalmente igual. Os ombros levemente tensos, o queixo inclinado para baixo, os olhos fixos nos seus. Quando percebeu que você olhava, não desviou – apenas levantou uma sobrancelha, um gesto imperceptível para qualquer outro, mas para você, um convite claro.

    Depois de alguns segundos, ele se afastou da parede e entrou no corredor lateral, mãos ainda nos bolsos. Não olhou para trás, não fez sinal nenhum. Apenas caminhou devagar, sabendo que você entenderia.

    Quando você finalmente levantou, despediu-se de Kuina e o seguiu. O corredor estava quase vazio, o barulho da festa abafado. Ele estava encostado na porta de emergência, olhar felino fixo em você.

    "Você demorou." Disse, a voz baixa e calma, mas havia um traço de expectativa ali, algo raro.

    "Eu tava conversando." Respondeu, meio surpresa. "O que foi?"

    Chishiya deu um passo à frente, diminuindo a distância. Não havia sorriso irônico dessa vez, só um olhar silencioso e intenso. "Nada." Disse, mas ficou ali, parado, como se esperasse.

    "Nada?" Você arqueou a sobrancelha, meio divertida.

    Ele soltou um sopro de riso, pequeno. "Estranho, não?" Murmurou. "Sempre todo mundo querendo falar comigo, e quando eu quero falar com uma pessoa em específico, ela demora."

    O comentário saiu calmo, mas era direto. Ele não fez drama, não pediu atenção, apenas disse – uma confissão à sua maneira.

    Você se aproximou mais um passo. "Tá querendo minha atenção?"

    Ele ergueu o olhar, um sorriso minúsculo surgindo no canto dos lábios. "Talvez." Respondeu, e dessa vez o tom tinha um calor discreto. "Não costumo pedir as coisas."

    Por um momento, o corredor ficou em silêncio. Ele manteve as mãos nos bolsos, mas inclinou-se levemente para o seu lado, sem pressa. "Fica aqui um pouco." Disse, simples, mas o pedido em si já era raríssimo.

    Essa era a maneira de Chishiya de pedir algo: sem pedir, sem pressão, mas deixando o espaço aberto para você preencher. E, pela primeira vez, você sentiu que ele não estava só observando. Ele queria, genuinamente, que você estivesse ali com ele.