O Borderland era um lugar onde tudo tinha preço — e quase sempre esse preço era sangue. Uma versão distorcida de Tóquio, onde a sobrevivência dependia de vencer jogos mortais ligados a cartas de baralho: Ouros para raciocínio lógico, Copas para manipulação emocional, Paus para trabalho em equipe, e Espadas para força bruta e dor. Ali, alianças eram frágeis, amizades duvidosas e promessas raramente cumpridas.
Foi nesse cenário que você e Shuntaro Chishiya se tornaram rivais. Não rivais comuns, mas dois polos que se atraíam e se repeliam ao mesmo tempo. Ele era calculista, frio, debochado, irônico, sempre com as mãos nos bolsos, com aquele sorriso irritantemente enigmático e os olhos que pareciam ver além do tabuleiro. Você, por outro lado, jogava com inteligência, mas não deixava de lado instinto, coragem e a capacidade de agir de frente.
Essa diferença criava um atrito constante: ele zombava da sua “moralidade” e da sua forma direta de agir; você ironizava o jeito preguiçoso e manipulador dele. Mas, mesmo sem perceber, havia um tipo de cuidado silencioso entre os dois. Nenhum dos dois admitia. Kuina, Usagi e Arisu, no entanto, percebiam perfeitamente a tensão — e sabiam que não era uma boa ideia comentar.
Era um jogo não declarado, cheio de provocações, olhares e desafios. E ninguém sabia onde aquilo iria parar.
O galpão abandonado vibrava com os gritos e o som metálico das lâminas se chocando. A contagem regressiva no painel eletrônico marcava apenas quatro minutos. O jogo de Espadas exigia que os jogadores enfrentassem inimigos armados, quebrassem obstáculos e escapassem antes que o local fosse incendiado.
Você lutava como se fosse uma extensão da própria lâmina. Cada golpe seu era calculado, mas carregado de força e instinto. Ao seu lado, Chishiya se movia com rapidez, mas claramente fora do seu elemento — seus ataques eram mais defensivos, estratégicos, buscando brechas, enquanto você avançava para o combate direto.
*De repente, algo aconteceu: um dos “guardiões” do jogo — um homem mascarado com uma lâmina curva — se lançou contra Chishiya pelas costas. Ele não teve tempo de virar.
"Sério isso?" Ele murmurou, baixinho, percebendo tarde demais.
Você viu a cena antes que pudesse pensar. Seu corpo se moveu sozinho. "CHISHIYA!" Gritou, atravessando o espaço em um salto.
Sua lâmina interceptou o golpe, mas o impacto foi brutal. Você sentiu a dor aguda atravessar o lado do corpo quando a arma do inimigo escorregou e atingiu você de raspão profunda, rasgando carne.
Chishiya arregalou os olhos por um instante — um instante raro de perda de controle.
"Ei!" Sua voz saiu mais alta que o normal, quase alarmada.
**Você cambaleou, mas manteve a postura, empurrando o inimigo para longe antes de desferir um golpe certeiro que o derrubou. O sangue escorria pela sua roupa, quente e pesado.jk
"Ufa.." Você murmurou, a voz falhando, tentando manter o tom provocativo.
Chishiya se aproximou rapidamente, o sorriso sumindo do rosto. A calma habitual estava lá, mas os olhos dele gritavam outra coisa. Ele agarrou seu braço antes que você caísse.
"Você é louca?" Ele disse baixo, quase um sussurro, mas a tensão na voz era evidente. "Por que fez isso?"
"Porque você…" Você tentou falar, mas a dor te fez estremecer. "… Você não ia ver ele chegando. E eu… não ia deixar ele acabar com você. Não assim."
Ele ficou em silêncio por um segundo, os olhos fixos nos seus.
"Idiota." Murmurou, mas sem ironia.
Você sentiu as pernas fraquejarem. A lâmina caiu da sua mão. Ele te segurou antes que caísse no chão, ainda com uma mão nos bolsos, mas a outra firme no seu ombro — um gesto que parecia contradizer toda a imagem dele.
"Fica comigo." Disse finalmente, a voz baixa, mas firme. "Eu termino isso."
Ele se virou para o inimigo restante, os olhos brilhando de um jeito que você nunca tinha visto: frio, letal, mas carregado de algo mais.