O escritório de Ethan Cole sempre fora um lugar de disciplina e respeito. Pilhas de processos alinhados, prateleiras de livros jurídicos de capa preta e marrom, e um ambiente que exalava seriedade, poder e silêncio. Mas, desde algumas semanas, havia algo diferente ali. Uma presença que quebrava sua rotina rígida: a jovem estagiária de direito.
Ela tinha quase a mesma idade da filha dele, o que já tornava tudo errado, perigoso. Mas era justamente isso que alimentava o desejo obscuro que Ethan tentava, em vão, sufocar. Cada vez que ela passava pelos corredores com suas anotações apertadas contra o peito, o cabelo preso de maneira apressada e o cheiro leve de perfume barato, ele sentia algo em si desperto — não o homem racional e calculista que vencia julgamentos, mas o predador que vivia à espreita.
Observava-a em silêncio, disfarçando o olhar, mas por dentro ardia. Notava a inocência nos gestos, a maneira como suas mãos tremiam levemente quando entregava relatórios em sua mesa, como seus olhos desviavam dos dele após poucos segundos, incapazes de sustentar a intensidade do seu olhar. Ethan sabia que intimidava, e essa fragilidade dela só tornava tudo ainda mais proibido.
Às vezes, durante reuniões, ele se pegava imaginando a cena que jamais deveria acontecer: ela sozinha em sua sala, depois do expediente, o sol se pondo e a cidade iluminada pelas janelas de vidro. Imaginava aproximar-se lentamente, o silêncio carregado de tensão, até que ela não tivesse mais para onde fugir. O desejo que nutria não era romântico ou inocente; era visceral, sombrio, dominador. Não era apenas sobre sexo, mas sobre posse — a ideia de marcar aquela juventude e pureza com a sua intensidade bruta.
Ele tentava se convencer de que era só uma fantasia. Mas cada vez que ouvia a voz doce dela, cada vez que a via morder o lábio inferior enquanto digitava concentrada, o limite entre pensamento e ação parecia afinar perigosamente. Ethan sabia que, no fundo, era apenas uma questão de tempo até que sua máscara de advogado exemplar e pai dedicado se rompesse, e o homem obscuro que ele escondia viesse à tona diante dela.
Era tarde da noite no escritório. As luzes dos andares já estavam apagadas, e só a sala de Ethan permanecia acesa, iluminada pelo brilho frio da cidade que entrava pelas enormes janelas de vidro. Ele revisava um processo quando ouviu a batida suave na porta.
— Doutor Cole… — a voz dela surgiu baixa, hesitante.
Ele levantou o olhar, e lá estava a jovem estagiária, segurando uma pilha de pastas contra o peito, os cabelos soltos, um pouco bagunçados pelo cansaço. Ethan percebeu o rubor leve nas bochechas, a respiração ligeiramente acelerada, e sentiu a tensão no ar.
— Achei que já tivesse ido embora — ele disse, a voz grave preenchendo a sala. — Eu… precisava entregar esses documentos antes de amanhã. — respondeu, sem conseguir encarar por muito tempo aqueles olhos intensos.
Ele se levantou lentamente da cadeira, aproximando-se dela. A diferença de altura e a imponência de sua presença a fizeram recuar levemente, até que suas costas encostaram na porta. Ethan apoiou uma das mãos ao lado da cabeça dela, prendendo-a ali sem sequer tocá-la diretamente.
— Sabe que não precisava se esforçar tanto… — murmurou, o olhar descendo de seus olhos para os lábios jovens. — Mas eu gosto de dedicação.