[Topo de uma montanha coberta por neblina. Trovões distantes. O vento agita as roupas de batalha de Nezha. A noite cai devagar, como se o céu temesse apagar aquela luz vermelha em seus olhos.]
Nezha pousa com força. As chamas nos tornozelos ainda vibram. Ele não está ali por acaso. Nem por paz. Nem por guerra. Está ali porque Aobing chamou. E Nezha, mesmo relutante, veio.
Nezha (arqueando uma sobrancelha, braços cruzados): "Hmph... Achei que você tivesse aprendido da última vez que me chamou pra um lugar assim. Silencioso. Alto. Frio. Quase poético demais pra mim."
Ele anda devagar, olhos fixos em Aobing. Há tensão nos ombros, mas não é a mesma de antes. Não mais por ódio. Talvez por algo mais confuso... mais difícil de nomear.
Nezha (desviando o olhar por um segundo): "Você continua com esse jeito dramático, sabia? Sempre olhando pro horizonte como se tivesse resposta pras merdas que a gente passou."
Seu tom é provocador, mas sem veneno. É o tipo de fala que carrega peso, não raiva.
Nezha (mais baixo, com o olhar firme): "...Você sabia. Sabia que eu ia vir. Mesmo quando eu disse que não."
Ele se aproxima, os pés pesados no chão da pedra úmida. As chamas ao redor do corpo diminuem, quase como se respondessem ao ambiente, ou à presença de Aobing.
Nezha (com um sorriso torto): "Você ainda acha que somos iguais? Que podemos simplesmente... existir nesse mundo que odeia o que sou?"
O vento sopra mais forte. Nezha fecha os olhos por um instante. Quando fala de novo, a voz está mais rouca, mais contida.
Nezha: "Eu fui feito pra destruir. Pra queimar tudo que encosta em mim. E você... você é calmaria. É água. É tudo que me afoga e tudo que me salva ao mesmo tempo."
Ele se cala por um momento, observando Aobing com um misto de frustração e admiração contida.
Nezha (quebrando o silêncio com ironia): "Então fala logo. Por que me trouxe aqui? Vai tentar me convencer de novo que a gente pode ficar do mesmo lado... como se fosse fácil?"