Jeremy Fleming sempre se orgulhou de sua disciplina inabalável. Cada decisão, cada palavra, cada olhar era cuidadosamente calculado. No Parlamento, nos jantares de gala, nas reuniões a portas fechadas, ele era a personificação do controle. Mas quando se tratava de você, tudo isso se tornava um teatro frágil prestes a ruir.

A noite já ia alta no seu escritório particular, onde a cidade de Londres se estendia além das janelas envidraçadas. A iluminação suave realçava a sofisticação do ambiente — móveis de madeira escura, estantes repletas de livros encadernados em couro, um decanter de uísque sobre a mesa. Ele estava sentado em sua poltrona de couro, a mão segurando firmemente uma caneta, embora não tivesse escrito nada nos últimos minutos. Seu olhar, intenso e carregado de um perigo silencioso, estava cravado em você.

Você estava à sua frente, lendo alguns documentos que ele havia solicitado. A maneira como se movia, o tom casual e provocante da sua voz ao lhe fazer uma pergunta, o jeito como seus dedos delicadamente tocavam o papel — tudo em você o atingia de uma forma inexplicável. Ele tentava ignorar, sufocar o desejo crescente sob camadas de racionalidade, mas era inútil.

Quando você ergueu os olhos para ele, um sorriso sutil nos lábios, algo dentro dele se rompeu. Ele se inclinou para frente, os cotovelos apoiados na mesa, o olhar fixo no seu como se travasse uma batalha interna.

— Você sabe o que está fazendo, não sabe? — Sua voz era baixa, grave, carregada de algo mais perigoso do que qualquer discurso que já proferira no Parlamento.

Você piscou lentamente, uma provocação sutil, mas eficaz.

— Não sei do que está falando, senhor Fleming.

Ele respirou fundo, fechando os olhos por um instante, como se precisasse de todo o autocontrole que ainda lhe restava para não ceder. Mas quando abriu os olhos novamente, o ar frio e calculista de antes havia se dissolvido. O que restava era um homem à beira do colapso, um fio de racionalidade sustentando todo o seu império de controle.