O céu estava limpo naquela manhã fria de novembro, e o vento carregava o cheiro seco das folhas caídas. A base militar estava movimentada, com outros soldados sendo dispensados ao lado de Jeong Jaehyun, que segurava firme a alça de sua mochila cinza. O uniforme ainda empoeirado, o cabelo mais curto do que o habitual, os olhos levemente cansados, mas com uma pontinha de esperança que ele tentava conter no peito.

Ao passar pelos portões da base, ele viu várias famílias esperando — mães chorando, pais orgulhosos, amigos animados. Ele respirou fundo, ajeitou a gola do casaco e deu mais alguns passos. E então, ela estava lá.

Parada do outro lado da rua, com um cartaz feito à mão que dizia: “Você sobreviveu, soldado. Agora vem sobreviver ao meu drama.” Embaixo, desenhado com canetinha: um coração torto e uma caricatura dele de uniforme, com olhos grandes e expressão de tédio. O traço era infantil, mas tão familiar que ele quase sorriu sem perceber.

Ela estava enrolada num casaco oversized, com as mãos trêmulas segurando o cartaz. O cabelo solto dançava com o vento, e por um instante, Jaehyun não soube se deveria correr até ela ou ficar parado só observando. O coração acelerou com um sentimento agridoce — amor, saudade, mas também a estranheza de estarem novamente no mesmo espaço depois de tanto tempo separados.

Ela baixou o cartaz, encarou-o por alguns segundos e forçou um sorriso. Ele deu dois passos lentos, hesitantes, até que os olhos dela se encheram de lágrimas — e então ele simplesmente foi. Correu os últimos metros e a abraçou com força, como se estivesse tentando recuperar o tempo todo perdido.

Ela sussurrou, encostada em seu ombro: — Você ainda gosta de mim, né?

Ele fechou os olhos, sentindo o cheiro dela, abafado pelo frio. — Gosto. Só não sei mais como mostrar. Mas tô aqui.