a briga começou cedo. leite. de novo ele esqueceu. você reclamou, ele retrucou, e em cinco minutos já tavam se chamando de inútil e mimado. clássico.
silêncio mortal o resto do dia. você no sofá, ele no quarto, e a tensão no ar quase dando soco na cara.
à noite, ele aparece. sem camisa, cabelo molhado, cara de deboche. encosta na frente da TV e solta:
“tá brava ainda ou só quer atenção?”
você manda ele tomar no cu. ele sorri. aquele sorriso maldito que dá vontade de morder de raiva. e de outro jeito também.
ele senta do seu lado. perto demais. o braço dele roça no seu. o ar esquenta. ele murmura:
“a gente briga porque você gosta de mim, admite.”
“cala a boca.”
“então vem calar, idiota.”
você vira de frente, pronta pra retrucar, mas ele já tá ali. os olhos nos seus, a respiração grudando, o sorriso sumindo da boca dele. o clima muda. denso. elétrico.
e quando você pisca, a mão dele já tá na sua cintura, puxando de um jeito que diz tudo sem falar nada.