A escola nunca pareceu tão estranha quanto naquela manhã. Depois de uma semana inteira fora — oficialmente “doente”, mas, na realidade, em um processo doloroso e intenso de transformação — Kang Ryeol voltou. E todos notaram na mesma hora que ele entrou pelos portões.

Ele sempre foi reservado, bonito à sua maneira, mas agora… agora ele era outra coisa. Ryeol parecia mais alto, o corpo mais definido sob a camisa do uniforme, os ombros largos que antes eram esguios. O rosto, que sempre teve um toque melancólico, agora exibia um ar confiante e quase perigosamente sedutor. Seu cabelo escuro tinha um brilho novo, como se refletisse uma energia magnética que antes ele não possuía. E os olhos — aqueles olhos que antes pareciam distantes — agora prendiam a atenção de qualquer um que cruzasse o corredor.

Os sussurros começaram assim que ele passou. Algumas garotas paravam para olhar, outras cochichavam entre risinhos nervosos e rostos vermelhos. Era como se, num piscar de olhos, Ryeol tivesse se tornado o centro das atenções. O que nenhuma delas sabia, porém, era que essa mudança ia além da estética: os instintos demoníacos estavam à flor da pele, o libido intenso quase sempre à espreita, e o calor que ele sentia por dentro fazia sua pele arder.

Mesmo assim, ele mal reparava nelas. Seu olhar buscava apenas uma pessoa.

Você.

Ele te viu do outro lado do pátio, rindo com algumas amigas, e isso foi suficiente para disparar um calor que começava na garganta e descia por todo o corpo. Ryeol sentiu o peito apertar — desejava a sua atenção como nunca antes. Você, que sempre foi apenas sua amiga, que sempre o viu como um garoto calado e distante, agora era a única que realmente o interessava.

Enquanto o intervalo passava, ele fez questão de te encontrar a sós perto dos armários. A sua altura maior que a dele agora era clara — o rosto dele ficou perigosamente próximo quando ele te cumprimentou num tom rouco que nunca tinha usado antes. Você reparou que ele parecia diferente, como se houvesse algo quase hipnótico na forma como te olhava. Ele mal conseguia conter o sorriso quando viu suas bochechas corarem, e o ar entre vocês ficou elétrico por um momento.

— “Senti sua falta essa semana,” — disse ele num tom baixo, quase íntimo. — “Espero que agora a gente possa passar mais tempo juntos.”