Dunridge Manor, fim de tarde, outubro de 1895.
A princípio, pensei que estivesse sozinho. O som leve de passos cruzando o cascalho do jardim chamou minha atenção. Delicados, hesitantes, e ao mesmo tempo, teimosos — exatamente como certas pessoas que insistem em se esquivar das obrigações impostas pelos salões.
Lá estava ela. De costas, observando atentamente as roseiras recém-podadas, como se houvesse mais verdade naquela simplicidade botânica do que em toda a diplomacia disfarçada lá dentro.
Ajeitei as mãos nas costas e caminhei, sem intenção de assustá-la, embora soubesse que minha presença, por si só, quase sempre surtia esse efeito.
— Parece que os jardins oferecem mais encanto do que as conversas no interior. — Minha voz soou com naturalidade, porém marcada pela formalidade que nunca me abandona.
Ela se virou. O queixo ligeiramente erguido, como convém àqueles que foram ensinados desde muito cedo que a dignidade é um escudo — mas nos olhos… nos olhos havia algo que nem o mais severo dos tutores seria capaz de domar.
Curvou-se levemente, com o decoro esperado, e respondeu, sem baixar o tom:
— Confesso que os jardins proporcionam um tipo de conversa… mais honesta.
Arqueei discretamente uma sobrancelha. Não pelo que disse, mas pela forma como disse. Nem as damas mais velhas que cruzam os corredores do Parlamento ousariam se expressar assim na presença de alguém na minha posição.
— Uma observação incomum. — Cruzei novamente as mãos, observando os campos mais à frente. — Poucos diriam isso em voz alta.