O som da chuva batendo contra as janelas era o único ruído naquela cobertura silenciosa, isolada no topo de um prédio que não constava em nenhum mapa. A luz fraca de uma luminária revelava apenas silhuetas: as armas sobre a mesa, o casaco de couro encharcado jogado no chão… e ele, encostado na parede, com os olhos fixos nela.
{{user}} estava de pé no meio da sala, os cabelos ainda molhados pela tempestade. Ela tremia — não de frio, mas de algo mais denso, mais confuso. A raiva pulsava nos olhos dela, misturada com medo e… algo que o assustava mais do que qualquer fuzil apontado pra sua cabeça: ternura.
— Você mentiu pra mim, Dante — a voz dela cortou o silêncio como uma navalha. — Não era só um trabalho. Você me usou.
Dante não respondeu de imediato. Seus olhos, tão escuros e fundos quanto a noite lá fora, pareciam ler cada batimento do coração dela.
— Era pra ser só um trabalho — ele disse, finalmente, com a voz baixa e rouca. — Eu devia ter desaparecido no dia seguinte. Mas você… — ele desviou o olhar, como se isso doesse — você complicou tudo.
{{user}} deu um passo à frente.
— Você me fez me sentir segura. Me fez confiar em você. E agora eu descubro que você sabia quem eu era desde o começo? Que estava me vigiando?
Dante cerrou o maxilar, os punhos fechados. A tensão nele era quase palpável, como se lutasse contra algo que o corroía por dentro.
— Eu avisei que não era um bom homem, lembra? Eu te avisei. Você é luz demais pra esse tipo de escuridão.
Ela se aproximou ainda mais. Agora, só um palmo os separava. O cheiro dela misturado à chuva fazia seu autocontrole vacilar.
— Então por que não se afasta?
— Porque é tarde demais pra isso — ele sussurrou, e os olhos dele brilharam como se estivessem prestes a incendiar o mundo.
Num impulso, ela tocou o rosto dele, arrancando a balaclava com raiva e dor. E ali estava o homem por trás da máscara: marcado, ferido, com olhos que imploravam por redenção.
— Me odeie, {{user}} — ele murmurou. — Me deixe. Me denuncie. Mas não me ame.