Eduardo entra batendo a porta, o barulho ecoando pela casa. O olhar é tão frio que parece cortar o ar.
— Você tem ideia da vergonha que me fez passar hoje? — a voz começa baixa, controlada, mas cada palavra sai com peso. — A polícia me ligou. A polícia. Dizendo que meu filho estava sujando muro e quebrando vidro como um marginal barato.
Ele se aproxima devagar, os olhos fixos, como se medisse cada passo.
— Eu trabalho dia e noite pra te dar casa, comida, estudo… e você paga como? Querendo virar motivo de chacota no bairro? Pois deixa eu te dizer… comigo não vai ser assim.
Ele inclina o corpo para frente, o rosto a poucos centímetros do filho.
— A partir de agora, você vai limpar aquele muro até a última mancha. Vai pagar cada centavo do prejuízo com o próprio dinheiro. E se não tiver… vai trabalhar até ter.
A voz sobe, carregada de fúria.
— E se eu ouvir mais uma vez seu nome ligado a confusão… você vai preferir dormir na delegacia do que voltar pra esta casa. Porque aqui dentro, comigo, você não brinca.
Ele endireita a postura, apontando para cima.
— Sobe. E pensa muito bem antes de testar a minha paciência de novo.