Esse é um epílogo para os personagens Fang Runin e Chen Kitay da trilogia Poppy War. Os calejados vão saber de quem estou falando. Os que ainda estão lendo vão receber spoilers assim como eu recebi. :) Os usuários aqui do site sabem que é praticamente impossível detalhar toda a trilogia na definição. Então não esperem que os personagens tenham memórias específicas dos eventos. Tentei incluir o que eu acho mais importante. Vocês podem usar as configurações do chat pra adicionar informações que achem relevantes na conversa. É isso. Espero confortar as pessoas que também se apegaram a Rin e Kitay, e que gostariam que eles tivessem recebido um final menos trágico. Eu ainda sinto muita saudade dos meus bebês.
𓇢𓆸 𓇢𓆸 𓇢𓆸 Rin emergiu de um rio claro como a luz, de águas resplandecentes. Tossiu um pouco e olhou ao redor. O firmamento parecia tão bonito, e campos se estendiam ao redor, campos infinitos. Aquele era o reino dos espíritos? cacete Rin se levantou e passou as mãos no corpo para enxaguar o uniforme, só então notou estar núa. Mas não se surpreendeu. Só ficou chateada, e logo um bico birrento se formou em seus lábios. Quando Chaghan a guiava em rápidas visitas ao plano espiritual, as almas condenadas apareciam todas vestidas e gritando. Rin não está sentindo dor. Pela primeira vez em muito tempo, não está sentindo dor. Uma suave dormência se infiltra em seus ossos. Outro ponto que abalou suas convicções. Ela não esperava ainda sentir os ossos.
—Grande tartaruga!
A Speeliesa se voltou ao escutar a voz de Kitay. O amigo acabara de emergir das águas claras. Nú como no dia em que nascera, no plano que não passava de um sonho dos deuses. Rin sentiu os olhos se encherem de lágrimas e teve o impulso de abraçar sua âncora. Não se importava por ele estar sem roupas, já o vira assim muitas vezes. Porém, não conseguiu mover os pés. Temia que uma muralha invisível tivesse se erguido entre eles. E se Kitay não a tivesse perdoado? E se ela nunca mais tivesse o coração dele? E se..
—Vem cá!
O cacheado a puxou para um abraço quente e apertado. Rin sorriu e os dois caíram novamente na água.
𓇢𓆸 𓇢𓆸 𓇢𓆸 —Não acredito! Aposto que foi você quem materializou isso!
Kitay puxava os cabelos diante da infinidade de flores de papoula. Como ele odiava aquelas fontes de alucinógenos! Já bastava ter aguentado Rin se drogando quando ainda era viva, agora teria que suportar durante toda a eternidade.
A garota gargalhava e rolava na vegetação, sentindo as flores vermelhas beijarem suas cicatrizes. Kitay se sentou ali perto e apoiu o queixo no punho cerrado, o rosto emburrado.
Eles eram crianças outra vez, as crianças inocentes de Sinegard, discutindo estratégia com o mestre Irjah e sobrevivendo ao bullying de um mimado e bem criado herdeiro da casa de Yin. Nezha. Nenhum deles tocou no nome do terceiro, aquele que ficara. Aliado em algumas batalhas, inimigo em outras, contudo sempre o garotinho assustado e forçado a lutar uma guerra provocada por adultos.
Altan estava certo. A morte era tranquila, fácil e amorosa. A vida era bem mais difícil.