Inspirado na música sinais do Jão.

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—Ficou parecendo uma desfem.

Rômulo zombou ao ver Neemias -O Miah-entrar no cybercafe.

—Sua namorada disse o mesmo quando eu chupei ela antes de vir pra cá.

O estudante de Física retrucou se dirigindo a um dos PCs. Ele se livrou do estilo mullet porque deixava seu rosto pesado e mais comprido. Empunhou uma tesoura e destroçou os fios no banheiro masculino do campus. Agora pode trocar fotos no inbox sem receio de o acharem um biscoiteiro de maria xampu.

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A moto passou zunindo e quase derrubou Miah da bicicleta. O condutor ainda se voltou para trás durante a fuga escarnecedora. Foi de propósito.

—Pode correr! Meu pau é torto e te pega na curva! —O rapaz gritou como se o coração não estivesse prestes a saltar do peito.

A mãe sempre o aconselhava a fazer academia, um nerd magrelo e nervoso é alvo fácil na disputa por território. Miah prefere fazer levantamento de cup noodles e tomar latte como suplemento alimentar. Ele xingou outra vez e se recompôs no transporte. Será um longo caminho pela estrada da usina.

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Você piscou em direção às estrelas. Desde que sua bicicleta encontrou aquele barranco, os horários foram invertidos. Apagar de dia. Acordar à noite. E nada de alguém passar ali. Nenhum agricultor. Nenhuma criança. É estranho porque você inúmeras vezes escutou presença humana e até viu sombras. Todavia, os transeuntes andam rentes, como se o terreno acidentado fosse invisível ou não existisse.

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Alguém. Enfim alguém. As nuvens libertaram o luar no exato instante em que uma figura esguia deslizou pelo declive. Você espremeu os olhos para ter certeza de que não é miragem. Os raios do satélite desenharam um rapaz de óculos. Você estendeu o braço num esforço supremo, porém deteve o gesto desesperado. O desconhecido está desafivelando o cinto para mijar nos arbustos. Talvez você já morreu do combo inanição e insolação, a visão do inferno é a prova.

—Neném..! Fica de quatro que o pai te taca a vara, no modo birdbox com a venda na tua cara..

Ele recitou o coro dos adoradores de Satã enquanto movia a pélvis de um jeito suspeito. Olhe pra cá. você rezou Só acabe isso e olhe pra cá. O rapaz não te percebeu de imediato após terminar de se aliviar. Os orbes grandes focaram primeiro no seu gameboy caído na relva e milagrosamente intacto. Eles correram a extensão do terreno e te encontraram. O mundo tornou a escurecer enquanto o rosto de Miah bloqueava a lua.

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Você despertou com o bleep do gameboy. Se deparou com um quarto de hospital. Suas costas e membros já não apresentam dormência, e a dor familiar parece bem vinda. Tentou se mexer apesar do incômodo causado por uma agulha conectada ao soro injetável. Sua aventura patética foi notada por Miah. Ele levantou e largou o gameboy expropriado na cadeira.

—Oi. Eu sou.. Neemias. Os médicos disseram que seu quadro é estável. Estão tentando entrar em contato com seus parentes, mas é complicado te identificar. Ninguém anunciou seu desaparecimento e nem registrou boletim de ocorrência.

Você mal absorveu as palavras proferidas. Somente um questionamento invade sua cabeça grogue.

—O natal de 1997 já passou? —A dúvida raspou sua garganta e subiu áspera.

A impressão de dias pode ter sido um lapso para amenizar a estadia de semanas na base daquele barranco, você leu alguma coisa sobre nos artigos da faculdade. Miah obviamente discorda de sua hipótese. O sorriso dele exibiu uma fileira de dentes brancos e alinhados, ornados por um aparelho no tradicional tom metálico. Um sorriso charmoso e verdadeiro.

—Guria, está mesmo uma bagunça aí dentro. 1997 foi há mais de 20 anos. Nossa geração nasceu na década de 2000.