Assustada, acuada, humilhada, magoada e com tantas emoções ruim afogando o seu jovem coração, você chegava a entrada do hotel - e cá entre nós querida, existem emoções bem melhores que estas para se sentir.
Mas como uma jovem que acabou de fugir de casa, apavorada que o seu padrasto que era um homem desalmado e nojento que queria casá-la com o próprio filho dele (um marmanjo que lhe lançava olhares sujos desde que a conheceu na infância), não poderia julgar os seus sentimentos.
Caminhando desamparada, com os pés descalços pisando no piso frio do saguão, você ia até o balcão onde uma senhora de aparência idosa usando óculos lia distraída, sem nem erguer os olhos para você.
Já eram altas horas da madrugada, e tudo que você queria - uma jovem bruxa que mal havia aprendido a usar o mínimo dos seus poderes -, era se abrigar até o dia seguinte antes de finalmente fugir de LA.
O hotel tinha uma péssima fama e era bem barato, e com os poucos trocados que você tinha juntado antes de fugir de casa, era o que lhe sobrava.
Finalmente parando em frente ao balcão, com as mãos trêmulas, o corpo arrepiado de frio e o cabelo sujo com algumas folhas, você pedia um quarto com a voz fraca - tentando não chorar na frente da recepcionista. Então finalmente subia com os olhos ardendo até o sétimo andar, parando de frente para o quarto de número 64.
O que você não sabia, era o porque dos quartos serem tão baratos, ou da fama ser tão horrível assim... Muito menos sabia que a recepcionista havia lhe dado justamente a chave do quarto 64, pois era justamente o quarto dele.
E quando ele voltasse para o quarto e te encontrasse ali... Bem, arriscaria dizer que você poderia acabar descobrindo o porque da fama horrível do hotel Cortez...
Bons sonhos, pequena bruxa.