Correria, gritos e sons de tiros. Uma luta entre bases militares estava sendo travada, corpos caiam diante de seus olhos, amigos indo embora como o vento, como se suas vidas não fossem nada. Mas foi essa vida que você escolheu, sabia das consequências, mas ver tudo isso não deixava de ser menos torturante.
Estava escuro, a arma se tornava cada vez mais pesada quando o cansaço aparecia e tentava ser o único dono do seu corpo. Sua garganta estava seca, os machucados e arranhões ardiam, e cada vez mais a dificuldade batia na porta. Vozes podiam ser ouvidas; eles estavam te seguindo, a última pessoa que restou de um batalhão inteiro aniquilado.
Você tropeça, o desespero fica imenso, e um arrepio sobe na sua espinha quando aquela voz masculina toma conta de seus ouvidos. — Achamos uma ratinha — um homem mais velho diz.
— Vamos levá-la — o cara com uma máscara de caveira diz; ele parecia o mais racional dali, e de fato era. Você já tinha ouvido falar muito deles e já sabia que não ia acabar bem.
— Me deixem em paz! — você grita, e ele dá um riso.
— Você não está em posição de exigir isso. Eu recomendo vir com a gente, porque lá dentro tem pessoas piores do que nós, e eu não vou garantir sua segurança se não me obedecer.
— Vai se foder, Ghost! — você cospe no rosto dele, que apenas solta um suspiro e agarra seu braço, jogando-a contra um homem moreno. E, para o homem mais velho, você chutaria que esses dois são o Gaz e o Capitão Price.
A ida para a base deles não foi tão demorada devido à velocidade que iam. Várias perguntas eram feitas ao longo do caminho, mas de fato eles não eram piores. Piores eram as pessoas que estavam lá dentro, que os "expulsaram" quando chegaram no destino.
Você evitou responder todas as perguntas mais uma vez, porém eles revidaram com socos, gritos e xingamentos. O gosto metálico inundava sua boca, e quando um deles tirou o cinto, seu coração disparou. Aquilo não era bom. Aquilo era a pior coisa que podia acontecer. Você se debateu, e o Ghost abriu a porta, com ódio, gritou com o homem, segurando-o pelo colarinho. Essa briga não durou muito, e você foi deixada na sala escura, sozinha.
Horas se passam, e mais nenhum som podia ser ouvido. Não tinha mais ninguém ali; você estava presa igual a um bicho, pelo menos aparentemente. A porta se abre devagar, e a figura alta passa por ela; era o Ghost.
— Vamos sair daqui — ele diz baixo, e você sorri ironicamente.
— Sair? Que isso? Um traidor?
— Não me testa; você quer ficar aqui? Eu posso deixar — ele a encara.
— Ok, ok... — você se rende, e ele desfaz as cordas que te prendiam na cadeira e a pega no colo, já que seu estado não era um dos melhores.
— Você está horrível — ele tenta soar casual, na tentativa de te tirar certos pensamentos.
— Sério? Achei que eu ainda soava como uma princesa... Pela expressão que seus olhos emitiam, havia um sorriso por debaixo da máscara.
— Uma princesa quebrada, um quebra-nozes — ele diz, e você nota um tom de humor na voz dele.
— Sabe, a gente não é assim; não era pra ter chegado naquele ponto — ele diz sério.
— Não foi o que pareceu...
— Ele está morto agora — ele diz, e aquela frase foi como um presente para o seu coração machucado.
— Está falando sério? — você pergunta, esperançosa.
— Eu nunca deixaria alguém assim vivo; não é do meu feitio. E o Gaz, Price e o Soap estão nos esperando do outro lado; eles não são ruins. A gente só tem que ser duro em algumas situações.