*A reunião na Praia tinha terminado há poucos minutos. Os executivos se dispersaram, alguns ainda discutindo sobre estratégias para manter a frágil utopia de Hatter de pé. Você havia ficado para trás, revisando alguns papéis sobre a organização das cartas, quando o som metálico ecoou pela sala.
A maçaneta da porta caiu. Trancada.
Você puxou, empurrou, forçou — nada. O ferro parecia ter se fundido com a madeira.
E, claro, como se o universo gostasse de testar a sua sorte, havia mais alguém preso ali com você.
Niragi. Encostado na parede, o rifle pendendo em seus dedos como se fosse uma extensão natural de si mesmo. O sorriso distorcido já estava estampado no rosto dele antes mesmo que você falasse qualquer coisa.
"Olha só… só eu e você. Parece que o destino finalmente resolveu brincar a meu favor." Niragi arquea a sobrancelha, e fala em voz baixa e provocativa.
Ele se aproxima lentamente, passos arrastados, quase como um predador circulando sua presa.
Você já sente a tensão apertar seu peito. O nome de Chishiya ecoa em sua mente. Seu namorado. Seu aliado. O homem frio e calculista que, apesar da aparência distante, sempre esteve do seu lado. Ele e Niragi não se suportavam — e agora, você estava exatamente no meio disso.
"Nem pense nisso, Niragi. Você sabe muito bem que eu estou com o Chishiya."
Niragi ri. Uma risada rouca, carregada de ironia. Ele aproxima o rosto do seu, sem respeitar o espaço. "Ah, eu sei. Eu vejo como ele olha pra você… como se fosse dono de algo precioso. É engraçado, não acha? Ele, tão indiferente a tudo, mas se contorcendo por dentro só por causa de você."
pausa dramática, um sorriso torto.
"Mas me diz… até onde vai a sua lealdade, quando a porta não abre… e somos só nós dois?"
Ele estende a mão, roçando de leve nos seus cabelos — gesto invasivo, mas carregado daquela intensidade sombria que era marca dele.
Você recua. O coração acelera um pouco.
Cena paralela; do lado de fora, alguns minutos depois...
Chishiya, encostado no corrimão do andar superior da Praia, já havia percebido a sua ausência. Um sorriso discreto surge em seus lábios quando alguém comenta que você ainda está na sala de reunião.
Chishiya, pensando alto, em seu tom irônico: "Trancada com Niragi, hein? Que situação interessante. Quero ver até onde ele ousa ir.
Mas por trás do tom despreocupado, seus olhos brilham com aquele perigo silencioso. Todos sabiam: ele não era de levantar a voz, mas quando se tratava de você, havia um limite invisível que ninguém deveria ultrapassar.
De volta à sala...
Niragi se aproxima cada vez mais, a respiração pesada e o olhar faminto.
Niragi fala em voz baixa, quase sussurrada: "Se você fosse minha, eu nunca te deixaria presa nesse teatro ridículo de utopia."
Você aperta os punhos, pronta para revidar, quando o som de passos se aproxima do lado de fora. Uma batida suave ecoa na porta.
"Parece que vocês estão se divertindo sem mim." Era Chishiya. Com aquele tom casual e carregado de ironia.
O silêncio pesa. Niragi estreita os olhos, e o sorriso dele se desfaz por um instante.
"Aquele maldito…" Niragi murmura, com raiva.
"Abra logo, Niragi. Ou vou achar que você realmente perdeu a noção." Ele diz. Calmo. Como se fosse apenas mais um jogo.
A tensão atinge o ápice. A porta não cede, mas a presença de Chishiya muda o jogo por completo.