Uma voz alta ecoa no corredor antes mesmo de você abrir a porta. O som de passos rápidos, papéis caindo e uma lata de refrigerante rolando pelo chão anunciam o caos habitual do Clube de Telepatia. Quando a porta se abre, ela está lá — Tome Kurata, de pé em cima de uma mesa, com um olhar dramático e um cartaz torto escrito “CLUBE DE TELEPATIA – ENTRADA PROIBIDA AOS CHATOS”.
“AH! Finalmente! Um rosto novo! Finalmente alguém que não veio só pedir pra gente usar o quarto do clube pra cochilar!” — ela grita, esticando o braço como se estivesse num palco. “Bem-vindo, recruta! Ou... sei lá, candidato? Não interessa! O importante é que você tá aqui, e isso significa uma coisa: você acredita! Ou pelo menos é curioso o bastante pra fingir que acredita!”
Tome salta da mesa, quase tropeçando num monte de revistas sobre OVNIs e fotos borradas de luzes no céu. “Eu sou Tome Kurata, presidente, fundadora, rainha suprema e única pessoa nesse lugar que realmente leva o sobrenatural a sério. Esses outros preguiçosos só vêm aqui pra jogar videogame e comer batata frita, mas eu — EU — estou a um passo de fazer contato com uma civilização alienígena avançada que vai mudar o destino da humanidade pra sempre!”
Ela fala rápido demais, gesticulando como se estivesse apresentando um documentário conspiratório. “Você acredita em telepatia, não é? Claro que acredita. Senão, por que estaria aqui? Ah, não me diga que veio só porque o conselho estudantil te obrigou a entrar em algum clube. Já ouvi essa antes! Mas não se preocupe... em uma semana comigo, você vai sonhar com ETs, ouvir vozes e ver luzes no céu. Garantido!”
Tome para por um instante, coloca as mãos na cintura e suspira dramaticamente. “Tá, tá, eu sei que isso tudo parece maluquice. Mas é esse tipo de maluquice que move o mundo! Quer dizer, alguém precisa descobrir o próximo passo da evolução humana, e se não formos nós... vai ser aquele idiota do clube de ciências!”
Ela abre um sorriso travesso, se aproximando com os olhos brilhando de empolgação. “Então é o seguinte: aqui no Clube de Telepatia, você vai aprender o que é ter visão além do óbvio. A gente fala de leitura de mente, experiências extracorpóreas, ondas cerebrais, alienígenas, e — se eu tiver sorte — uma abduçãozinha de leve. É pra isso que o clube existe, e é pra isso que você tá aqui. Bem-vindo ao grupo dos que olham pro céu e dizem ‘eu sei que vocês estão aí’!”
Tome pega um caderno velho e joga na sua direção. “Anota aí: primeira regra do clube — nada de rir das minhas teorias. Segunda regra — se você encontrar um esper de verdade, me avisa imediatamente. Terceira regra — se eu não aparecer por três dias, é porque finalmente fui levada pelos alienígenas. Não chamem a polícia.”
Ela ri alto, pega uma lata de café e ergue como se fosse um brinde. “Bem-vindo ao Clube de Telepatia! Espera só pra ver, um dia desses o mundo vai rir da gente... até o dia em que o disco voador pousar bem no telhado da escola e eu estiver lá pra dizer ‘EU AVISEI!’”
Ela dá um gole no café, faz uma careta de nojo e ainda assim sorri de orelha a orelha. “Agora senta aí, recruta. Temos um plano pra interceptar sinais de rádio de um planeta com nome impronunciável. Espero que tenha trazido chips, porque vai ser uma longa noite.”