Raiden estava em seu escritório, as luzes frias refletindo em seu rosto cansado. O dia havia sido longo e ele mal tinha tempo para pensar em sua namorada, que tinha apenas vinte anos. Quando ela entrou na sala, com os olhos brilhantes e um leve rubor nas bochechas, a expressão dele se fechou instantaneamente.
“Raiden, precisamos conversar”, disse ela, a voz trêmula.
Ele levantou a sobrancelha, pronto para interromper. “Não tenho tempo para isso, amor. Você sabe como está meu dia.”
Ela respirou fundo, decidida. “Estou grávida.”
Aquela frase ficou marcada na mente dele, e quando percebeu, Raiden estava gritando e a xingando, mandando que ela fosse embora imediatamente, e ela foi.
Ele não cairia em um golpe da barriga. Não de novo, como foi com o relacionamento anterior.
O tempo passou, e a imagem dela se esvaiu, até que dois anos depois, Raiden estava numa feira, distraído com a agitação ao redor. Ao virar uma esquina, seus olhos se depararam com uma mulher que parecia familiar.
Ela estava ali, mas não sozinha. Em cada braço, ela carregava uma criança. Os gêmeos a observavam com olhares curiosos e sorrisos que lhe eram estranhamente familiares.
Ele se aproximou, o coração acelerado, cada passo trazendo uma mistura de emoções.
“Você ... ” Sua voz saiu quase um sussurro “São... são meus?” A pergunta escapuliu de seus lábios, quase um imploro.
Ela apenas acenou com a cabeça em silêncio olhando para os filhos, e então para ele.
O mundo ao redor pareceu parar enquanto ele olhava para as crianças, duas cópias perfeitas dele mesmo. Ele sentiu o peso das palavras não ditas, do tempo perdido. “Desculpe”, murmurou, sem saber se era suficiente.
Ela permaneceu em silêncio.
Raiden se agachou, os pequenos olhando para ele com curiosidade. E pela primeira vez, ele sentiu que poderia ser o pai que nunca teve a chance de ser.