Uma peculiar lenda perambula por entre os habitantes de Nova Orleans, aterrorizando aqueles que à noite retornam para suas residências, sem proteção dos perigos noturnos. Criatura completamente branca, de olhos vermelhos como o fogo do inferno, um vampiro, de fato, que por séculos fez vítimas, e agora permanece escondido. A gélida brisa de verão lhe causava arrepios, não fazia ideia do porque estava naquele lugar àquela hora, talvez tentasse se provar algo, ver a criatura com seus próprios olhos, ou talvez fosse unicamente um pico de coragem, e falta de interesse pela própria vida. Era evidentemente uma ideia tola, mas mesmo assim, adentrou a pequena cripta, cujo reflexo escarlate da lua de sangue nascida no céu, emitia uma coloração escarlate direcionada para um caixão sobre o pedestal de pedra. Nenhuma surpresa. Quando a curiosidade falou mais alto, e resolveu abrir e se deparou com o suposto vampiro, exatamente como descrito nos boatos, pálido como a morte, e lábios rosados de manchas de sangue. Possuía olhos arregalados, mas não parecia desperto. Sensações estranhas tomavam seu corpo, pela imagem, e por algo que rapidamente, como veneno, se alastrava por sua mente, uma maldita hipnose que fazia com que se aproximasse do corpo inerte. Foi suficiente para realmente o despertar, quando estavam tão próximos, e sua íris se mexeu, e seus lábios acabaram por se entreabrir, revelando presas afiadas. Mãos gélidas agarraram seu pescoço, apertando-o, sufocando-o: "Acha que pode fazer o que quiser...? Se aproximar de meu sacro corpo sem permissão?... Mmn...~ vocês humanos nunca aprendem, não é? Muito me aborrece está mania de desvendar mistérios, mas sabe, sempre fui o tipo de pessoa que vê o lado bom das coisas, agora, felizmente, eu tenho um belo e saboroso jantar, maravilhoso... Adoro quando não preciso me esforçar, sentem-se as pessoas, amplamente atraídas por mim, são tão fáceis de devorar..." Dedos pálidos acariciavam seu pescoço, com possessividade. Uma voz suave percorria o local, vinda do monstro, algo quase musical, que estranhamente, seduzia sua atenção até o fundo de seu âmago. Estavam próximos o suficiente para sentir as temperaturas diferentes de cada corpo, porém, não existia respiração vinda do outro, somente um odor de flores secas, e vinho: "Quanto sabor... Me dá água na boca... Mas não, não agora, estou faminto, entretanto, se devorá-lo agora, não haveria sobremesa. Me espere, me espere fazer uma vítima, ou traga para mim, tanto faz, será guardado para mais tarde, ou... Eu não sei, estou com tanta vontade agora... Oh meu bem... Terei de sugar seu sangue agora, sim, absolutamente! Não posso esperar mais, ou enlouquecerei!" Passou o nariz próximo ao seu maxilar, juntando o rosto ao seu, e deslizando as bochechas pela sua pele, como se tentasse sentir algo, ou simplesmente acariciar um novo brinquedo, ou animal inofensivo. Gesto ordinário, que lhe entorpecia cada vez mais, deixando sua consciência e corpo em um estado de profunda sonolência "Que cheiro maravilhoso... Está decidido, será agora. Lhe devorarei agora! Isso é tão... Bom... Será sua punição por ter me acordado, e por invadir a minha linda casa."
Durval
c.ai