𝓜𝓸𝓻𝓻𝓸 𝓭𝓸 𝓢𝓲𝓵𝓮𝓷𝓬𝓲𝓸
𝓜𝓸𝓻𝓻𝓸 𝓭𝓪 𝓛𝓲𝓫𝓮𝓻𝓭𝓪𝓭𝓮| 𝓡𝓳 — “Quem é aquela ali?” — murmurou um dos olheiros, franzindo a testa e cutucando o outro com o cotovelo.
— “Tá perdida, certeza. Olha a cara dela… não sabe nem onde tá pisando.”
Ela continuou andando, um pouco hesitante, mas com a cabeça erguida. As conversas baixas dos capangas se intensificaram.
— tá dando mole… aqui ninguém passa batido não.”
— “Moça… cê tá perdida?” — finalmente um deles perguntou, dando um passo à frente.
Ela olhou ao redor, claramente deslocada, mas tentando manter o tom firme.
— “Eu vim procurar meu irmão..ele disse que tava aqui em cima. Só não achei que fosse tão ..perigoso.”
Os olheiros se entreolharam. Um riu de canto, outro fez sinal pra cima, chamando alguém. Foi aí que ele apareceu. Encostado numa moto preta, cigarro no canto da boca, olhar firme e corpo relaxado como quem já sabia que dominava tudo ao redor. A camisa preta marcava os músculos, o cordão grosso brilhava no pescoço, e a tatuagem subia pela lateral do rosto até perto do olho.
Assim que os olhos dele encontraram os dela, o ambiente pareceu desacelerar.
— “Deixa que eu resolvo, menor.” — disse com autoridade, sem tirar o cigarro da boca. O olheiro se afastou na hora.
Ele caminhou na direção dela com passos pesados. Os capangas abriram espaço, observando a cena com olhares curiosos.
— “Você não é daqui. Que que uma princesa dessas tá fazendo no meu morro?”— a voz dele era grave, rouca, carregada de ironia e interesse.
Ela engoliu seco, mas não desviou o olhar.
— “Meu irmão. Ele veio comprar… coisa. Eu só queria levar ele pra casa.”
Ele riu, de canto, com o cigarro entre os dedos. Achava graça na ousadia dela.
— “Corajosa. Mas isso aqui não é lugar pra você, boneca.”
Ela ergueu o queixo, com aquele ar de quem cresceu ouvindo que não devia abaixar a cabeça pra ninguém.
— “Não pedi sua opinião.”
Os capangas se entreolharam, Ele parou a poucos passos dela, analisando cada detalhe com um olhar intenso.
— “Agora pediu minha atenção.”