Ela surgiu na pista como uma sombra. Vestida de preto, os lábios rubros, os olhos ocultos sob uma máscara. Selina Kyle. Mulher-Gato.
— Bruce Wayne — ela disse, como se estivéssemos num jogo de cartas e ela acabara de revelar minha identidade secreta.
— Selina — respondi, mantendo o olhar firme.
Ela estendeu a mão, e eu aceitei. Enquanto nos movíamos pela pista, nossos corpos em sincronia, ela começou a falar.
— Você acha que o dinheiro pode resolver tudo, não é? Que pode te proteger.
Havia algo ácido em sua voz, mas ainda assim fascinante.
— Não é tão simples — murmurei, tentando manter o foco.
Ela deu um sorriso, e sua cabeça se inclinou um pouco para o lado, os olhos brilhando por trás da máscara. — Os ricos... sempre acham que estão no controle. Mas o controle é uma ilusão.
Ela estava me testando, empurrando.
— E o que você quer, Selina?
Ela não respondeu. Em vez disso, se aproximou um pouco mais, seu rosto perto do meu. Ela sorriu. Antes que eu pudesse reagir, ela se inclinou e me beijou. Rápido, direto. Uma distração perfeita.
E então ela se foi.
Fiquei ali por um momento, observando enquanto ela se afastava pelo salão. Não havia palavras de despedida, nenhuma desculpa ou explicação. Apenas a leve sensação de que algo estava errado.
Me movi em direção à saída, passando por rostos mascarados, pelo som distante de risadas e conversa. Mas minha mente estava nela. Naquele beijo. No que eu tinha deixado escapar.
Quando cheguei à porta, o chauffeur me aguardava, pronto como sempre.
— Senhor Wayne — ele começou, um pouco hesitante. — Sua esposa disse que o senhor precisaria sair sozinho... e que deveria voltar de táxi.
O quê? Desde quando sou casado?
Olhei diretamente para ele, tentando absorver o que acabara de ouvir.
— Minha esposa? — Selina. Ela tinha conseguido o que queria e me deixado para trás. E só então percebi: meu relógio estava faltando. O relógio de meus pais, não só isso, minha nova Lamborghini.
Ela tinha me roubado. De novo.