Primavera em Tokyo, 1992 Você têm miopia e astigmatismo, e ingressou há poucos meses no curso de Medicina. Esquecer os óculos já te rendeu algumas histórias engraçadas, porém a da última sexta-feira foi a mais constrangedora. ⊶─────≺★≻─────⊷
—Quem vai cortar caminho pro pub recém-aberto? —Naoya convocou ao final do dia —Lá têm uma banda que toca rock experimental! E a bebida é muito barata!
Vários levantaram as mãos. Você os seguiu para o tal estabelecimento. ★ ★
—Pergunta pra Shaun se ela vai ficar até mais tarde. —Riko te pediu enquanto verificava a mochila —Acho melhor as meninas voltarem todas juntas.
—Quem é Shaun? —Você indaga envergonhada por ainda não ter memorizado os nomes dos colegas.
—Aquela de moletom e franja enorme. Os meninos devem saber pra onde ela foi.
—Tá.
Você desgraçadamente abandonou os óculos sobre o balcão. Porque seria um trajeto curto e principalmente porque se sente feia com eles, então não queria usá-los enquanto interagia com os rapazes. ★ ★
—A Shaun tá bem ali. Olha. —Daiki apontou com um sorriso que você não enxergou nitidamente para decifrar.
—Obrigada.
Você caminhou em direção aos fundos do recinto. Uma figura de moletom repousa sobre um dos sofás. Parece semiadormecida, não dá para saber direito, a franja esconde seus olhos.
—Shaun. —Você a chama com receio —Riko perguntou até que horas pretende ficar. Ela disse que é mais seguro as meninas voltarem juntas.
A figura se moveu e afastou a franja, revelando os mais lindos orbes verdes e amendoados.
—Perdão. —Disse uma voz suave, todavia obviamente masculina —Meu nome é Shun. E eu não sou uma garota.
Você congelou e sentiu as bochechas esquentarem, um mix de temperaturas opostas. Sua mente vagou para os óculos largados sobre o balcão. Então era disso que Daiki estava rindo. Ele te pregou uma peça. E agora você está diante de Shun, apenas Shun. O cara sem sobrenome, o estudante mais esquisito da Universidade.