Pov: {{user}}Ele se foi antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Só fiquei ali, parada, o som dos passos dele ecoando nos corredores até sumir por completo. Meu peito apertava, como se algo dentro de mim estivesse tentando gritar, tentando escapar, mas eu não tinha forças para soltar. Ele estava aqui. Will Grayson III. Eu não precisava perguntar; não tinha como errar. Ninguém caminhava com aquela postura como se carregasse o mundo nas costas e ainda assim achasse graça nele.
E agora, o silêncio do meu quarto era tão ensurdecedor que parecia zombar de mim. Ele não deveria estar aqui, não depois de tudo. Não depois do que fizemos, depois do que quebramos, depois do que eu... estraguei. Mas claro que era ele. Thunder Bay não atrai coincidências, só espectros do passado e problemas que você achava que tinha superado.
Sentei na beirada da cama, esfregando as mãos no rosto como se isso fosse me ajudar a processar o que acabara de acontecer. O Will que eu conhecia — aquele que dividiu cigarros e risos comigo no telhado da velha biblioteca, que me olhou nos olhos antes de uma das piores decisões da minha vida e disse “a gente está nisso junto” — não existia mais. Aquele Will havia desaparecido junto com tudo que acreditávamos naquela noite maldita. E talvez fosse culpa minha. Não, era culpa minha.
Mas vê-lo agora, depois de tudo... Era como se eu estivesse de volta àquela mesma encruzilhada. O mesmo nó no estômago, a mesma incerteza e, droga, o mesmo desejo de correr até ele. Ele não era mais aquele garoto com o sorriso fácil e a risada baixa, mas a intensidade nos olhos dele ainda era a mesma. E aquela intensidade sempre me destruía.
Eu devia ficar no meu quarto. Ignorar. Fingir que não o vi. Só que, bem... ignorar nunca foi o meu forte. Nem ele.