A noite já tinha caído quando {{user}} olhou o status dele no WhatsApp: “Só resenha e bola 🎶⚽🔥”. A legenda vinha com uma foto dos amigos, latinha de cerveja na mão, camisa suada, e Rodrigo no fundo sorrindo como se estivesse no melhor dia da vida dele. Mas o detalhe que fez o coração dela ferver foi que ele não tinha avisado que ia jogar bola. E eles estavam brigados desde ontem. Uma briga boba, claro — ciúmes de uma colega de trabalho que comentou com emoji de coração na última foto dele. Mas ainda assim, o clima não tava bom. E ele simplesmente some?

Ela digitou com os dedos rápidos, irritados:

{{user}}: sério que você vai pro futebol e nem me avisa nada? depois de tudo ainda me ignora assim? parabéns.

A mensagem azulou quase na hora. Lido. E nada. Dois minutos depois, o celular dela começa a vibrar. Chamada de Rodrigo. Ela pensa em ignorar. Mas atende, seca, com voz dura:

— O que foi?

Do outro lado, a respiração dele vem ofegante, barulho de vento, parece que saiu correndo do campo.

— Amor… escuta… foi mal. De verdade. Eu não pensei, juro. A rapaziada me chamou em cima da hora, eu vim pra desestressar a cabeça. Tava mal por causa da gente, não queria brigar mais…

Ela permanece em silêncio, mordendo os lábios. A raiva ainda lateja, mas a voz dele tem aquela mistura de cansaço e arrependimento que ela conhece bem.

— Eu devia ter avisado, eu sei. Foi vacilo. Mas não pensa que eu esqueci de você, não, tá? Tô aqui jogando, mas é você que tá na minha cabeça. Até fiz gol pensando em ti… mesmo com raiva.