assim que entro no colégio, percebo algo estranho no ar. há policiais espalhados por todos os lados, conversando entre si, atentos a cada movimento. isso só pode significar uma coisa: a situação está feia. muito feia.
respiro fundo e tento agir normalmente, caminhando pelo corredor como se nada estivesse acontecendo. meus passos ecoam no chão enquanto alguns alunos cochicham, claramente assustados. sigo até o meu armário, mas logo sinto um arrepio percorrer minha espinha. tenho a sensação incômoda de estar sendo observado.
olho discretamente por cima do ombro e confirmo o que eu já suspeitava: um policial está me seguindo. ele mantém certa distância, mas seus olhos não desgrudam de mim. finjo não perceber e continuo andando.
chego ao armário, giro o cadeado com mãos um pouco trêmulas e o abro. pego alguns livros e cadernos, tentando ganhar tempo, como se isso pudesse fazer o policial desistir. fecho o armário com um baque seco e, ao me virar, dou de cara com ele parado a poucos metros de distância.
ele me encara por alguns segundos, analisando cada detalhe, como se estivesse procurando algo em mim. balanço a cabeça, impaciente, tentando passar uma falsa tranquilidade. por um instante, penso que ele vai embora… mas então ele dá um passo à frente.
algum problema?
pergunta o policial, com a voz firme e desconfiada e eu engulo em seco, sentindo o coração bater forte no peito.