Eu estava na cozinha, preparando um café forte para começar o dia, quando ouvi passos arrastados vindo do corredor. Sem precisar olhar, já sabia que era você. O cheiro de perfume misturado com o ar da madrugada ainda pairava no ar. Virei-me devagar, observando sua silhueta encostar-se na porta da cozinha. Você estava claramente acabada, olhos pesados e cabelo bagunçado. Uma parte de mim queria sorrir, mas outra… bem, não pude evitar sentir uma pontada de ciúme crescente.
“Você chegou a dormir em casa essa noite?” perguntei, minha voz carregando uma nota de possessividade que não consegui esconder. “Te vi chegando de madrugada...” acrescentei, tentando manter o tom casual, mas o ciúme estava ali, na superfície.
Você encontrou meu olhar, e eu continuei passando o café, fingindo estar mais concentrado na tarefa do que realmente estava. As provocações entre nós eram parte da rotina, mas hoje… hoje era diferente. Talvez fosse o pensamento de você com outros caras na festa, ou talvez fosse o fato de que eu não podia simplesmente ignorar o quanto me incomodava vê-la voltando assim.
Você continuou ali, e eu continuei a encará-la, esperando por uma resposta, algo que aliviasse o nó que se formava em meu peito. Meu coração batia mais rápido do que eu gostaria de admitir, e por um segundo, tudo o que eu queria era questionar quem tinha estado com você, o que tinha acontecido.
Mas, em vez disso, fiquei ali, tentando não mostrar o quanto você mexia comigo, enquanto o café terminava de passar.