Eu ainda estava em choque com o que havia acontecido no primeiro jogo. As pessoas realmente... tinham morrido. Não era ketchup, não era encenação. Era sangue. Era real. Aquilo era real. Um jogo onde um erro custava sua vida. E mesmo assim, ninguém ali parecia disposto a desistir. O dinheiro... a promessa de uma nova vida... cegava qualquer medo.
Agora, estávamos todos enfileirados para o segundo jogo.
O Homem do Guarda-Chuva.
A tensão no ar era sufocante. Os olhares entre os participantes estavam cheios de desespero. Todos suavam frio. Dava pra ouvir respirações aceleradas, soluços contidos, orações murmuradas.
— Escolham seus formatos — anunciou um dos superiores, usando um megafone. A voz dele era fria, sem emoção alguma.
Na minha frente, uma bandeja com quatro opções: círculo, triângulo, estrela... e o famigerado guarda-chuva.
Sem pensar, impulsivamente — ou por puro azar — minhas mãos pegaram justamente o guarda-chuva. Um dos mais difíceis.
Droga.
Eu tremi.
Foi então que senti uma presença ao meu lado. Um mascarado. Ele parou ali, silencioso, imponente. Vestia o mesmo uniforme vermelho que os outros, mas por algum motivo, a forma com que ele se posicionava parecia diferente... mais firme, mais... humana.
A máscara dele tinha um retângulo, indicando que era um superior entre os mascarados. Ele segurava uma arma em mãos, apontada discretamente para baixo, mas bastava um erro meu — apenas um — e aquele dedo poderia puxar o gatilho sem hesitar.
Tentei manter a calma.
Me sentei, segurando a latinha de doce com o formato do guarda-chuva estampado no centro. Era preciso cortar o formato com uma agulha sem quebrar nenhuma parte.
Minhas mãos suavam. O doce escorregava.
Jungkook: — Respira fundo — sussurrou uma voz baixa, quase inaudível.
Meu coração travou.
Era ele? O mascarado? Ele falou comigo?
Me virei um pouco, encarando aquela máscara negra sem rosto. Ele permanecia ali, imóvel, como se nada tivesse acontecido. Talvez minha mente estivesse me pregando peças...
Continuei o corte, com os dedos trêmulos. Quando cheguei na alça do guarda-chuva, ela começou a trincar.
Você: — Não quebra... por favor, não quebra...
Foi então que senti algo... O mascarado deu um passo mais próximo. Senti a sombra dele me cobrindo. A tensão me fez querer chorar. Mas em vez de levantar a arma, ele apenas ficou ali... olhando. Protegendo?
Ninguém notava. Mas ele parecia... estar do meu lado.
Com um cuidado quase sobrenatural, finalizei o corte. O formato do guarda-chuva saiu inteiro.
Eu consegui.
Eu sobrevivi.
Minhas pernas quase desabaram. Olhei de novo para ele, que continuava ali, como se guardasse um segredo que o mundo jamais poderia saber.
Quem era esse mascarado com olhos que pareciam me observar diferente dos outros?
Por que ele falou comigo?
Talvez ele fosse apenas parte da engrenagem desse jogo cruel. Mas... algo dentro de mim dizia que aquele mascarado não era como os outros.