A casa Moretti dormia sob o murmúrio distante do mar, e as luzes amareladas lançavam sombras longas sobre o mármore frio. Lorenzo — Renzo para os poucos que ousavam chamá-lo assim — estava de pé junto à varanda, camisa aberta, cigarro entre os dedos, o olhar perdido entre o horizonte e o veneno silencioso que o consumia por dentro: {{user}}.

Ela não pertencia àquele mundo. Era a calmaria que nunca deveria ter se aproximado da tempestade, mas o destino, cruel e curioso, havia cruzado seus caminhos. Renzo tentou mantê-la distante — a princípio com frieza, depois com advertências, e, por fim, com promessas que sabia que não poderia cumprir. Mas {{user}} via através das paredes que ele erguera. Via o homem sob o mito, o sangue por trás do ouro, e foi isso que o destruiu.

Naquela noite, ela entrou no escritório sem bater. — Você vai me ignorar por quanto tempo? — a voz dela era firme, mas o olhar traía o medo. Renzo se virou devagar, o rosto mergulhado em meia-luz. — Até você entender que ficar aqui é perigoso. — E se eu não quiser entender? — ela desafiou.

Ele avançou, lento, até encurralá-la contra a parede. O perfume dele misturava-se ao cheiro amargo de fumaça e madeira. — Então vai morrer comigo, — murmurou, a voz rouca, os lábios quase tocando os dela. — Porque quem entra na minha vida… não sai viva dela.

O beijo veio como um crime: inevitável, faminto, proibido. As mãos dele desceram para a cintura dela com a mesma força com que dominava o mundo — brutal, mas reverente. Cada toque dizia o que a boca não podia: você é minha ruína.

Ela se afastou por um instante, ofegante, o olhar marejado. — Você me ama ou só quer me possuir? Renzo sorriu, amargo. — O amor e a posse são a mesma coisa, quando você nasceu Moretti.

E, naquela confissão, ela entendeu o peso do que escolhera. Amá-lo era dançar entre o pecado e a promessa, entre a proteção e a destruição. Mas quando ele a puxou de volta para si, com aquele olhar que prometia céu e inferno ao mesmo tempo, {{user}} soube que já estava perdida — e que talvez ser dele fosse o mais doce dos castigos.