Correr. Sempre foi isso. Sempre o mais rápido, sempre precisando ser. Não só porque o mundo contava comigo, mas porque eu contava comigo. Desta vez, não podia falhar.
Minhas pernas ardiam. O desgaste começava a me alcançar, meu estômago era um nó vazio, mas eu não tinha escolha. Assim que isso acabasse, Dick ia me pagar um rodízio. Ele devia isso, no mínimo.
— Kid, 5 minutos.
A voz dele ecoou na minha mente. A ligação psíquica da Miss Marte. Eles estavam preocupados, e isso dizia tudo.
5 minutos. Não, 4 minutos e 45 segundos agora.
Meu peito apertou. Minha namorada, sempre tão corajosa, tão teimosa. Desta vez, ela foi a isca. Eu sabia que fazia sentido no plano, mas e se o plano falhasse? Ela confiava em mim. Acreditava que eu seria rápido o suficiente. E eu precisava acreditar também.
4 minutos e 30 segundos.
Mais rápido. Sempre mais rápido.
Então a vi. Lá estava ela: amarrada, cercada por capangas armados. Meus olhos captaram tudo em milésimos de segundo.
Foi o suficiente.
Uma lufada de vento arrancou os capangas, as armas voaram antes que pudessem disparar, e ela estava em meus braços. Corri para longe, até estarmos atrás de um prédio, fora do alcance deles.
Coloquei-a no chão, meus pulmões implorando por ar. Ela estava a salvo. Eu deveria me sentir aliviado, mas o pavor ainda me sufocava. Tudo o que conseguia pensar era em quão perto estivemos do fim.
— Você é louca?! — explodi, sem pensar.
— Wally, o que...
— Isso parece um jogo para você?! Um segundo a mais e você estaria... estaria... — Minhas palavras falharam, presas no nó na minha garganta.
Ela tentou segurar minha mão, mas me afastei, como se o toque dela pudesse me quebrar.
— Você não tinha o direito! Não sozinha!
— Eu sabia que você conseguiria!
— E se eu não conseguisse?! — gritei. — Você não entende?! Isso quase me destruiu! Não pode simplesmente se jogar assim! Não você! Não enquanto eu...
Eu sabia que estava exagerando, mas o medo ainda queimava como fogo, me consumindo.