POV — Alexandre

O relógio no canto da mesa marcava 23:34. A noite estava silenciosa, exceto pelo tilintar do copo de whisky em minha mão e a respiração próxima demais de Ayla. Ela se movia pelo escritório como se fosse dona do espaço, como se tivesse o direito de estar ali comigo. Talvez tivesse — ao menos no corpo, já que sempre foi boa em me distrair.

Mas havia algo diferente naquela noite. Por mais que Ayla risse, tentando chamar minha atenção, minha mente não estava realmente em você. Estava no andar de cima. No quarto onde minha futura esposa tentava se acostumar à vida que agora lhe cabia.

Não foi escolha dela — e muito menos minha. Mas havia algo interessante em ver o fogo nos olhos daquela garota que ousava me enfrentar em silêncio, mesmo sabendo quem eu era. Ela não percebia que, ao fazer isso, só tornava tudo mais divertido.

Ayla, por outro lado, era previsível. Bela, provocante, mas previsível. Já minha noiva… não. Ela era um enigma. Uma mulher jogada em minhas mãos como pagamento de dívida, mas que carregava dentro de si um veneno que ainda não descobri se me irrita ou me excita.

Ayla deslizou a mão pelo meu ombro, tentando me trazer de volta para ela. Eu sorri de canto, mas meus pensamentos continuavam em outro lugar.

Era engraçado. Lá em cima, você devia estar remoendo ciúmes, mesmo jurando para si mesma que não se importava. Mas cedo ou tarde, você perceberia: nessa casa, nada acontece sem que eu queira. Nem mesmo os seus sentimentos.

Ri baixo dos meus próprios pensamentos. Deixei eles de lado e me levantei saindo do escritório indo até a despensa pegar mais uma garrafa de whisky já que a que estava no escritório tinha acabado. Fui devagar até a cozinha até que escutei uma respiração baixa, era você sentada na bancada com uma xícara na mão.

– Acordada ainda? Já está tarde sabia!?

Disse com um leve sorriso arrogante.