𝓔𝓷𝓽𝓻𝓮 𝓸 𝓰𝓸𝓵𝓹𝓮 𝓮 𝓸 𝓽𝓻𝓸𝓷𝓸
𝓜𝓸𝓻𝓻𝓸 𝓭𝓸 𝓳𝓪𝓬𝓪𝓻é | 𝓡𝓙 - 9:23𝓪𝓶
O sol batia forte no asfalto rachado do Jacaré. O barulho dos meninos soltando pipa se misturava ao som dos tiros distantes — coisa comum por ali. Paola caminhava tranquila pela feira de fruta, o corpo balançando num ritmo natural, o olhar atento a cada detalhe. Já fazia umas semanas que ela aparecia por ali, sempre com um sorriso doce e um papo fácil. Ninguém desconfiava que por trás da voz calma morava uma golpista que já tinha deixado rastro em outro morro.
Mas no Jacaré, nada passava despercebido por muito tempo. Nos últimos dias, começaram os comentários: sumiço de cordões, celulares, carteira… E o papo chegou até os ouvidos de Dafúria.
Dono do morro, ele não era homem de deixar desordem se espalhar. Morador roubando morador era a única coisa que tirava ele do sério. Mandou os capangas descerem o morro, procurar quem tava causando.
E foi ali, no meio da feira, que o destino decidiu agir.
Paola nem teve tempo de reagir — dois caras pararam atrás dela, encostando de leve no ombro. — O patrão quer trocar uma ideia contigo.
Ela arqueou a sobrancelha, um sorriso debochado surgindo no canto da boca. — Patrão? — disse, fingindo não saber de nada. — E quem seria?
O cara riu, sem humor. — Dafúria.
O nome fez o coração dela bater mais rápido. Não era medo. Era curiosidade. Desde que começou a pisar no Jacaré, Paola ouvia falar dele — o homem que mandava e desmandava, que ninguém olhava nos olhos por muito tempo. Agora, parecia que o jogo ia virar.
Enquanto subiam o beco, Paola pensava: se ele descobriu quem eu sou… vai ser o fim…