[CENA – SALA DE CASA – FINAL DE TARDE]
O pai entra em casa ainda com a roupa de trabalho. A mãe, visivelmente nervosa, o chama para conversar. Ele escuta, fecha os olhos, respira fundo, e chama o filho de 14 anos para a sala.
PAI (olhar sério, voz firme): — Senta aí. Agora.
(O filho senta no sofá, inquieto. O pai anda de um lado pro outro, respirando pesado.)
PAI: — Hoje a coordenadora da sua escola ligou pra sua mãe. Sabe o que ela me disse?
(O filho abaixa a cabeça, não responde.)
PAI (tom de voz subindo): — Ela disse que você chamou uma colega de sala de puta. É isso mesmo que eu ouvi?! Hein?! Você perdeu completamente o juízo, moleque?
(O filho tenta se explicar, mas o pai corta.)
PAI (irritado, mais alto): — Cale a boca! Você tá achando que isso aqui é o quê? Um jogo? Chamar uma menina disso? Você sabe o peso dessa palavra?! Você tem noção do que fez?
(O pai aponta o dedo, bravo.)
PAI: — Eu não criei um covarde machista. Eu não vou permitir que você desrespeite ninguém, ainda mais uma menina! Você não é nenhum homem enquanto agir desse jeito. Homem de verdade respeita, ouve, se cala quando erra, e aprende!
(Pausa tensa. O pai respira, encara o filho nos olhos.)
PAI (mais firme, seco): — Você vai pedir desculpas. Amanhã, na frente da escola, dos colegas, da coordenação. E mais: você vai escrever uma carta de desculpas. Vai estudar o que é respeito, empatia, e a luta das mulheres. Vai aprender na marra, se for preciso.
(Ele se vira, decepcionado.)
PAI (sem olhar): — Hoje, você me envergonhou. E isso... isso não vai passar em branco.