É, 𝐯𝐨𝐜ê 𝐦𝐞 𝐚𝐦𝐨𝐮 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐞𝐮 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐯𝐚 𝐢𝐧𝐬𝐭á𝐯𝐞𝐥.
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—Ô, Shikamaru! Mexa seu bundão e comece a trabalhar! —Naruto apontou o martelo para o Nara preguiçoso.
Alguns civis soltaram risinhos. Hinata teria rido em outras circunstâncias. Mas seus orbes lunares vasculharam discretamente a expressão do herói de guerra. Os olhos cerúleos agora em constante prenúncio de um temporal. Naruto tentava enterrar esta parte vulnerável de si mesmo.
Porém, só um completo leigo não perceberia que algo lá dentro se quebrou após o vale do fim. E Hinata temia que os cacos jamais pudessem ser remendados.
Poucas pessoas lamentaram a morte de Sasuke. A maioria o considerava um caso perdido.
Todavia, a ausência de Sakura ainda pairava sobre eles como uma sombra sufocante. Os jovens shinobis pisavam em ovos, mordendo o lábio inferior toda a vez que por acidente iriam comentar sobre a rosada ou apenas pronunciar o nome dela. Em silêncio, faziam inconscientemente uma aposta cruel: Quem estava sofrendo mais pelo suicídio da Haruno? Naruto? Kakashi? Ino? Tsunade? Mebuki e Kizashi?
Os lumes do Uzumaki cruzaram com os da Hyūga. Ela ruborizou por ser pega espionando, e desviou o olhar para as telhas que faltavam.
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O vento implacável açoitava o ramo de miosótis nas mãos de Naruto. Hinata escondeu-se atrás de um salgueiro já desnudo pelo outono. Todos os dias, depois de ajudar nas obras de reconstrução da vila, o loiro ia até o cemitério levar flores para os amigos. E todos os dias, a azulada o seguia.
Hinata não sabia como, mas Kakashi mexera os pauzinhos para que Sasuke fosse sepultado em Konoha, e ao lado de Sakura. Um agridoce consolo para o pupilo de olhos tristes.
—Eu reconheço seus passos e assinatura de chakra, Hinata. —A voz dele soou rouca demais, como se fosse outro homem falando, o olhar continuou fixo nas sepulturas —Achei que já fôssemos próximos o suficiente pra você falar comigo sem medo.